Thursday, July 10, 2008

In the right place

Eu tento organizar um discurso. Passo horas do meu dia para acertar e alinhar as palavras. No final, nada parece fazer sentido. É como um passo-a-passo. Eu escrevo, vou ajustando aqui e ali, desenho uma idéia interessante. No final, tudo parece fora do lugar. Eu, no meio da figura, de uma foto rasgada e depois colada com durex.

Eu quero escrever um discurso. Discorrer sobre o que eu quero. Mas ele deve ser sucinto, simples e bem escrito. Talvez o mais importante seja que esse discurso revele sua real intenção. Sem pormenores, sem distância escusas e sem inocuidades. Eu paro, sento, ligo o som e tudo começa a embaralhar. Como cartas. Como fogo. Como nuvens antes da chuva.

Quem diria. Alguém que estudou Saussure não conseguir compilar algumas palavras. E é tão simples o que eu quero dizer. Tão singelo e curto. Eu já disse outras vezes no meio do vórtice, que são os meus textos, isso que eu preciso discursar. Não é somente uma vontade, entende? É dar valor a tudo isso. Ou melhor, um sentido outro ao universo, a vida e...

Falha. Há sempre um gap entre a primeira e a última palavra. Nem é preciso muito. Nada de dicionários, pesquisas lingüísticas ou signos icônicos. Só preciso de uma certa linha, um barbante fino, um cata-vento e uma bala de hortelã para dizer. Apenas eu e você. Nada mais. Ninguém mais. Sem paisagens, sem furacões, desastres naturais, encontros do acaso, antigas paixões, sentimentos mortos, vultos do passado. Nada disso. Eu e você. Só

Eu tento organizar um discurso. Uso todas as minhas forças. Canso a ponta dos meus dedos. E é tão infantil o que eu quero dizer. Dizer sobre você.
Tão leve seria se eu fosse corajoso: eu me levantaria, como um soldado alegre pela conquista com sua artilharia. Levantaria a cabeça, orgulhoso, e diria:

Eu quero você.

2 comments:

Unknown said...

arrasou na declaração!

ê homem de sorte...!
rs

te amo,
Mari

F. said...

simplesmente. Cristalino. Como você.