Saturday, April 28, 2007

After tomorrow

Isso é um segredo:
será que somos assim? vivemos confinados dentro de segredos indescritíveis. Mas e se tudo isso for apenas o medo do coração parar por segundos? Um vontade incontrolável e fomentando as maravilhas de sonhos hospitalizados. É um segredo tudo isso. Não conte a ninguém.
Difícil a arte de se apaixonar. Difícil é querer perder a sensação de adrenalina e pernas trêmulas. Talvez por isso sempre estamos a procura de uma paixão; no fundo queremos perder o controle, enlouquecer todas as células do nosso corpo à procura de um sentido para a vida. Eu quero sentidos demais. Quero entender o caminho pela emoção. Pelas paixões que falharam e muitas outras que virão. Essa é minha única forma de não ser tão instável. Me apaixono e pronto. Começo a funcionar como um relógio - tic tac tic tac - com pressa de ponteiros. Em sim, me apaixono, como fiz agora. De repente, tudo ficou assim em nuvens carregadas e no calor do inverno. Não tenho limites. Quero fundir meu corpo no seu e todas as sentimentalidades que possam sair da minha boca e das minhas mãos. Mas tenho uma maldição que distrai meu objeto e o leva para longe. É assim. Acostumar-se é só uma questão de tempo.
Se eu quero ainda? Segredo...Claro que sim. Mais do que sempre, nunca, quero o que comecei a querer e agora sou um veículo sem freio. Detalhes que me assombram nos sonhos, na hora do café e nos encontros.
É um segredo. Posso contar?

Thursday, April 26, 2007

Breve romance de sonho

Segundo Nietzsche:
"o grau de verdade que um espírito suporta, a dose de verdade que um espírito pode ousar, foi o que me serviu cada vez mais para dar a verdadeira medida do valor. O erro (quer dizer, a fé no ideal) não é a cegueira, o erro é a covardia. Qualquer conquista, cada passo em frente no domínio do conhecimento tem a sua origem na coragem, na dureza face a si mesmo" (Ecce Homo. p. 2-3)
Nesse caminho, deve-se entender muita coisa. O jogo de máscaras principalmente, quer dizer, estamos frente a uma fala que quebra com conceitos fundamentais da construção da moral - moral está disfarçada por meio de jogos sociais. Uma vez que o indivíduo se utiliza da moral, tal como ela foi germinada na sociedade ocidental, ele se torna em sua pior essência: o covarde. A covardia aqui, para Nietzsche, se trata de não saber , ou melhor, transverter os conceitos de bem e mal para uma filosofia de vida banal e do senso comum.
Essa fala do filósofo remete a tantas característica que não há meios de enumerá-las. Sim, Nietzsche pode ser pedante, mas há que se entender sua filosofia por um prisma, digamos, mais real. Em quantos casos já não ouvimos alguém dizer "não faça isso, é feio", ou então, "mas ela(e) não teve culpa, coitado"? Tais discursos são provenientes da fraqueza diante de si mesmo; a falta de coragem em resgatar valores morais fora do senso comum. A falta de coragem de vencer tais valores e entregar-se fora das regras do "bom convívio" é, em suma, o que Nietzsche chamará de covardia. Tal sociedade, constituida na base do moralismo religioso e da pieguece da bondade cristã, arquitetou as formas banais e frageis daquilo que deveria ser o espírito primitivo do homem.
Em resumo, a bondade na verdade é um grande jogo de máscara. Tudo em nome do bom convívio.
"Aquilo que vem ao mundo para não perturbar não merece respeito nem paciência" (René Char)

Monday, April 23, 2007

Pointless

Por que nada faz sentido? É como um estado de insônia. Será que somos todos assim? É verdade aquilo que disseram quando éramos apenas crianças: ?
Verdade ou mentira. Deve ser a gripe que me atacou. Corpo cansado. Olhos inchados. Deve ser a gripe.

Sunday, April 22, 2007

No Doubt

Sombra. Eu sou uma sombra. Uma sombra de dúvidas, de questionamentos. Eu sou o será. O Talvez que possivelmente poderá ser, mas é a dúvida. Sou uma interrogação. Sem força ou vontade. A maior sombra de dúvida. E nada disso queria ser. Onde estão mesmo as exclamações? Onde eu fui parar quando o tempo me traiu e me fez cansar de esquecer? Engraçado como sem mesmo pestanejar eu nunca consigo me desvenciliar. Será porque eu nunca me contento com pouco e muito menos com qualquer um? Será que sou persistente porque sei o que quero e por isso sobra-me paciência para esperar? Mais uma vez a resposta: não sei, talvez, quem sabe...
Tudo isso pode ser que no fundo eu simplesmente não consiga as conquistas e me máscaro com forças que não tenho. Não sou forte como gostaria de saber e muito menos sábio para entender meus próprios problemas. Queria saber, mas não sei. Quase esqueço o quão pouco li em minha vida. Sobra-me imaginações e poucas realizações. Eventos? This is the best time.
Sem a menor sombra de dúvida não sei o que estou escrevendo. Para que? Para quem? Time after time. Evidentemente, eu sou assim e acredito que sempre tenha sido. A opção, aquilo que se tem guardado em casos de emergência. E sempre penso que não sou. Mas, enfim, a verdade é aquela mais próxima do real e o real é isso. Tenho sempre a mão estendida para meus sonhos que nunca cessam de não se realizarem. Talvez eu hoje eu esteja só melancólico e amanhã isso já tenha passado. É um desabafo. O quanto tempo esperei para encontrar... É, a vida pode ser engraçada. Esperamos tanto por algo que quando aparece não dá certo. Sem a menor sombra de dúvidas.

Saturday, April 21, 2007

Wheres is the winter? I only see the leafs falling down

Eu queria poder escrever em parágrafos obscuros, entrelinhas explícitas, tudo aquilo que disse a vontade de saber. Cada vez mais, o inverno que é um consolo para meu corpo, se afasta e dá lugar as folhas leves e secas. Já era tempo de se ter um filho e quem sabe até dois. Era tempo já de colher frutas vermelhas e pecar sob os longos galhos das árvores. E o inverno não chega. Essa vontade de escrever ultrapassa aqueles limites da consciência; cria um estado de epifania pura, como se a paixão fosse feita duma magia negra e de feitiços pagãos promovendo alucinações intermináveis e um breve, porém permanente, estado febril. Corra para trás, alguém diz. Mas não há realmente para onde fugir, como dizem mesmo aquelas tão adoráveis poesias. São fases, acredito. Eu queria mesmo poder escrever sem vírgulas e acentuações na velocidade de tudo aquilo que penso e possuo em mim. E nem sequer me conheço por inteiro para que pudesse, sem vontade, deixar de lado todos os sonhos. As horas se vão, liquefeitas dentro sangue, borbulhando.
Ah que os textos possam ser apenas uma máscara de tudo aquilo que desejo. E isso é só mais um pecado sem vontade de se realizar. Só o pecado, como mesmo o diabo gosta. Um braço ou até mesmo uma perna é o que basta para que o tridente posso perfurar minha pele - indolor. Um braço, uma perna ou um gesto.
Como o diabo gosta!

Thursday, April 19, 2007

To the lighthouse

Realmente alguns sonhos devem ser ressonhados. É como um traço da eternidade, daquilo que pode ser a construção...Eu re-sonho, eu, destemido, não canso e alguns dizem que isso pode ser falta de orgulho ou de amor próprio. Ao contrário, o meu amor próprio me permite lutar por aquilo - aquele - que eu tenho certeza que só me faria bem. Não ter amor próprio é aceitar qualquer coisa, e isso não faço, nunca fiz e nunca farei. Será? Pode ser. Deve ser verdade. Não desisti, só recuei!

Enquanto isso, vou deixar aqui um pequeno texto que fiz essa semana:

Começou com um desejo de sinfonia. Era aquela vontade de saber com quantas notas se compõe um poema musical. Poderia estar sentado nas teclas de um piano, naquele vaivém dos acordes. Aquele momento que já havia passado rapidamente pelos olhos, como se viver fosse somente a soma de todas as vezes que piscou os olhos e por breves momentos tivesse perdido a chance de ver o mundo entre o piscar e abrir os olhos. Tardes inteiras, noites longe do fim e o fim como algo palpável. Amar era assim. Algo como se perder entre os dedos e ranger os dentes na doçura dos vestígios. Tudo era um simples desejo. Queria somente ter sentido mais o corpo, o cheiro, o gosto da boca, as carícias e o colo. Tudo era simples. Somente um desejo de querer o que está ao alcance das mãos. E tudo apartado por um vidro grosso que não tinha reflexos, mas somente uma divisão, como a janela e o fora. Tudo aquilo que estava por vir perdeu-se em um caminho estranho de encontrar e desencontrar o objeto do desejo. Porque queria ser mais, ser algo grandioso para outro algo igualmente grandioso, como escrever sem precisar da caneta e das mãos. Ver o sol nascer pelas notas. Isso também poderia ser um desejo, simples como o desejo.

Tuesday, April 17, 2007

Help! I need somebody, help! Not just anybody...

Semana de boas notícias. Lembranças de um passado enterrado e memórias de construção de um futuro interrompido. Engrenagens e um caminho ainda a ser trilhado.
Não posso esquecer simplesmente, mas posso dar ênfase ao silêncio, ao direito de não vasculhar destroços de guerra. É um direito, mas também quase uma condição de sobrevivência. Dar um novo foco aquilo que se procura, àquilo que está tão perto e ao mesmo tempo distante. O pior dos sonhos é aquele em que despertamos. Sim, despertar de um sonho é como deixar cair o algodão doce na areia. Ainda pior são aqueles sonhos que sabemos realizáveis, mas que dependem de outros fatores. Novela, capítulo, introdução e epifania. Revisar os erros e os acertos. Não se trata de fracasso, talvez seja mais uma falha, um desvio errado no caminho. Quero escolher melhor as palavras para que elas acertem os meus erros. Sentir tudo de todas as formas. É, a poesia talvez me iluda. Um caminho à Oz com sapatos-brilhantes-vermelhos. Quem quer saber? A descida, o horror, mas também a felicidade de ter aberto o coração...
Quero ler mais. Ouvir mais e saber mais. Enquanto não engulo o destino, reservo-me ao silêncio de meus pensamentos, como uma fugo por um túnel escuro e desconhecido. Conto então as moedas, guardo-as no bolso, dou uma risada falsa e choro com o rosto virado para o outro lado. E se meu desejo não se realizou não significa que ele morreu, pois ele pode esperar em silêncio, no fundo de armário, na posta da estante, milênios, milênios no ar.

Sunday, April 15, 2007

door, window and the rest of the room

Tudo parece mais calmo agora. Não sei o que é. Aquela sensação do vazio novamente, da não-perspectiva-de-pensar-no-travesseiro-naquele-sorriso. Porque as vezes eu posso ser uma sentença que precisa de um ponto final, exclamação, mas as interrogações parecem não ser um elemento gramatical do meu coração. Hoje, depois de tanta coisa acontecido, pareço ter ficado mais racional. As possibilidades são meticulasamente analisadas como uma perícia. Eu reajo bem aos problemas emocionais: 2 lexotan, 1 de coca e 2 maços de Marlboro Light. Hummm. Mentira. Não é assim. Já foi, hoje em dia não mais. Acho que hoje seria algo como: exquisito, o Marlboro Lights, 1, 2 ou 3 chops...é, bem, a bebida parece ter ficado. Enfim, temos que ter algum vicio, certo?
E agora consigo pensar mais na minha vida. Estranho falar isso. Ter a sensação de posso sobre si mesmo; depois de tantos anos planejando a vida a dois e entrando em duas furadas, agora posso pensar mais no que eu quero, como será minha vida e se eu realmente serei um velhinho com alguns livros mais ou menos publicados, um sobrado na Pompéia com um gato preto de olhos verdes, um cachorro temperamental, dois filhos - a Luiza e o Pedro Richner - talvez um neto, meu irmão e minha sobrinha, meus amigos, e por último lembro de colocar alguém.Deve ser porque estou me planejando e não planejando-nos como fiz muito.
Calma, logo meu coração, meu selvagem coração esquenta novamente. É só dar um tempo até eu encontrar um rosto que queira estar nesse quadro acima...
De resto, vou pensando e arquitetando meu futuro.
Trilha Sonora: Marie Antoinette

Saturday, April 14, 2007

god save the queens

O que me assusta é a nossa fragilidade. É como se fôssemos uma sinfonia de notas graves, agudas, tempos e tudo sincronizado no mistério, como um jogo de xadrez. Ontem, voltando pela Marginal me deparo com um leve trânsito, policiais, guardas da CET e dois corpos estirados no chão. Um deles, virado para cima e o outro - mais impressionante - com a cara no chão e um pedaço de metal enfiado na cabeça. E essa cena provocou-me sensações estranhas. Medo. Acho que medo o que eu senti vendo aquilo. De repente a noite tornou-se solitária, perigosa e tudo era frágil demais.
Me assusta. Somos frágeis. Algo que pode nos matar rapidamente, como somos capazes de chorarmos por alguém.
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É, minhas pernas tremeram. Fiquei trêmulo, uma sensação estranha. Nem sei o que dizer. Saber o que sentir é um dom, será a arma contra todos os males do coração. Um outro assunto que corta precisamente dois mundos. Um depois do outro. Porque estou, estive e sempre estarei, perto do coração selvagem.

Friday, April 13, 2007

strangers when we meet

Pois então. Como diz aquela música, fica o dito pelo não dito.
Se eu fracassei?
Ñão. Penso que não. Talvez tenha excedido meus limites. Ou tenha sido eu mesmo. Alguém capacitado para querer coisas impossíveis.

Tuesday, April 10, 2007

So, so sweet...

Tenho escrito pouco. Atribuo isso a uma certa falta, ou uma excessiva fonte de inspiração. Pois é. O maldito cheiro que vem sem pedir licença. Essa é a fonte. O problema é que já não quero mais escrever sobre isso. Os assuntos tão antigos e todos mortos. Preciso achar uma outra inspiração; algo que seja mais forte que eu, que minhas palavras...
Cansado de tantos desencontros no caminho. Cansados de mentiras, verdades, honestidades e desonestidades. Tudo muito a flor da pele.
As coisas que devem mudar começam a tomar um rumo, algo novo e algo ainda encoberto de dúvidas e medos. Eu, sonhador como sou, espero que as coisas mudem rapidamente, sem dar chance ao tempo e às resoluções.
Mas a calma é um presente.

Wednesday, April 04, 2007

What ever happend

(Conversa fictícia)

"- Eu queria uma noite. Só uma noite.
Queria sonhar seus sonhos, ser um calor, mesmo que pouco, mas suficiente. Pudesse meu corpo ser apenas uma noite com mãos de estrelas e olhares lunares, para desejar em seus cabelos o sonho terno de termos só uma noite. Fosse uma luz, daquelas que faíscam em seus pés, fosse uma cor, eu seria apenas uma noite. Entregue a escuridão.
Queria ser uma palavra. Sair de sua boca com o hálito, como as ondas saem do oceano para alegrar o mar. Palavra que fosse, estaria eu em seu gosto, em sua saliva e por dentro da sua boca. Insanidades de apenas uma noite.
Queria ser o ar para tocar suas mãos e sentir que não são mãos nem toques, mas a aspiração leve e carinhosa daquilo que se conquista. Ah, as conquistas! Serão sempre lembradas no futuro por áqueles que lutaram seja por noites, palavras, boca ou sonhos.
Queria ser um sonho de apenas uma noite. "

Monday, April 02, 2007

The place that we belong. The Place!

Encontro naquele escuro, um lugar menos silencioso. Estou somente a espera daquilo que se espera dentro do esperado. É quando abdico do barulho, da sinestria e daqueles laços tão soltos pelo ar. Inspiro; encho os pulmões de ar para não pensar em como tudo seria diferente. Aquela avenida, aquelas ruas, o mesmo solo que você pisou por um instante, eu também, com meus pés atravessei o limite tênue do seu andar com o meu desejo de andar por você. Há tempos que esquecemos que a morte é uma linha, e não um estado. Os trotes, os galopes e as faces foram devoradas por aquele monstro infantil. E quando criança, tudo era apenas uma cor: branco e preto. Hoje, todas misturadas, dão uma ótica menos sintetizada. Queria por instantes ser sua pele, mas o limite de nossas vidas já é o instante, as horas, em que atravessaram-nos e esqueceram o aviso na porta. Sou um relógio que conta horas ao contrário. Em você me projetei, me deleitei, me fiz como um sexo selvagem. Selvagem coração. De manias em manias, deixei-me levar pelas ondas do meu calor, da minha ilusão, do meu sabor em querer o amargo e nunca o doce.
Selvagem Coração!
Aquelas notas que musiquei pelas palavras e tudo o mais que fiz em teus dedos, foram somente demonstrações do que se pode ser. Aquilo que poderá tornar-se um dia, pela fenda da porta, pelo escuro do quarto, pelos lençóis ansiosos. De terras míticas que, de fato, são somente minhas ilusões, eu vi nossos corpos estirados como se fossem apenas um só, algo de profundo e receoso, assim como quebram as ondas na beira da praia sem licença, devorando a areia e faiscando diamantes no ar. Aquele sol, perdido entre as nuvens, simulava um calor que não era calor, mas um sentimento desesperado de querer. Arriscaria ser fotossíntese da própria pele para achar-me na natureza do que não pode ser. Uma nota bate, uma música a dois ouvidos. No escuro encontro-me com você por debaixo do lençol, com a cabeça no travesseiro, o suor escorrendo pela testa enquanto outros se formam sobre o lábio e na ponta do nariz. A água apaziguadora. A água bentificada em desejos ocultos e solitários; típicos da noite e do inferno que é ser aquilo que não se alcança na realidade.
Selvagem coração.
Assim, no escuro, ouço sua voz, seu silêncio e a dureza firme, mais que firme, dizendo-me: vá e faça-se feliz.
Selvagem coração!