Monday, February 26, 2007

Labirintos, sorrisos e café

A vida tem caminhos, muitos caminhos. Podem ser misteriosos, manipuladores, felizes, tristes, longos, bifurcados, cintilantes, doces, lúgubres, funestos...Muitos caminhos por onde andam nossos pés. Por onde deixamos cair lágrimas e sorrisos.
Esses caminhos devem ser trilhados com cautela e com a cabeça erguida sempre. Mas existem aqueles momentos em que uma reviravolta torna-se no mínimo cômica. São as surpresas que nos prendem em momentos ímpares. Uma paixão inesperada, uma briga, um susto ou até mesmo uma doença pode ser um fragmento de algo que se tornará a felicidade do futuro, e ai vem o riso póstumo.
Porque no fundo os acasos não são acasos. São os caminhos que se apresentam para que a vida nos leve a algum lugar que, sozinhos, não conseguiríamos.

Wednesday, February 21, 2007

Sonhos

Esse foi o sonho que tive essa noite:
Era uma igreja. Pelos menos parecia ser o símbolo de uma. Eu caminhei lentamente pela entrada lateral. O interior era grande, amarelado por luzes que vinham do chão. O espanto foi perceber que no meio do templo não havia bancos para sentar-se, mas terra.
A primeira imagem com a qual me deparei foi a de um casal enterrado até o pescoço na terra - um homem e uma mulher - como se aquilo fosse uma pintura da Frida Kahlo. Outros, velhos e crianças estavam imóveis, com olhares estáticos.
Caminhei pela lateral e uma súbita vontade me alcançou os olhos e comecei a chorar. Chorei sem parar. O estranho foi que aquele choro foi real; era uma vontade quase incontrolável de chorar. Deitei no chão, fechei os olhos e continuei chorando.
No dia seguinte, voltei a ingreja com uma pessoa (que não posso revelar a identidade) e logo na entrada comecei a chorar.
- o que foi? porque você está chorando? - perguntou ele.
- não sei. não sei.
Nos abraçamos e continuei caminhando pela igreja no parapeito, equilibrando-me, eu, ele, e mais outros pessoas.
Depois acordei. Esse foi o sonho.

Tuesday, February 20, 2007

The Hours...each time

Ouvindo Philip Glass. Trilha sonora de As Horas. Eu funciono pela emoção e por isso sempre que vejo esse filme, leio o livro ou ouço a trilha é porque alguma parte muito emocional de mim quer tornar-se pragmática. E não posso negar que ainda tenho algumas pendências nesse meu lado que faz com que eu coma as beiradas dos dedos. Ainda descobri que meu lado emocional me causou uma alergia que, por sinal, está passando sem remédios.
Ainda com preocupações, sorrir me parece ser a melhor alternativa porque meu sorriso vem naturalmente como veio e como está vindo. As reflexões desse carnaval foram muitas. Lembrei-me de minha mãe e da sua história de vida. Talvez seja ela me ajudando em forma de esperança interna, como algo que vem em prenúncio...Essa história me faz crer na força, na luta e no poder de recriar, recomeçar e reconstruir tudo - do zero. Ainda que eu possa sentir medo, a força disso me vem pelas mãos, pelos pés e por todo o meu corpo. Sorrir como solução. Acho que é esse o lema. Os problemas aparecem não como obstáculos, mas como formas de vida. O sentido se transforma. A vida vem,diz, obriga-nos a criar uma força. E só recebemos aquilo que podemos aguentar. E sentir que o riso se tornará o futuro de uma lágrima do presente. Esse é o lema.
E começo assim. Limpando as gavetas, os armários, as estantes e as memórias. As horas passam. As memórias permanecem como fantasmas de tempos outros. Limpar a memória física não é apagar o coração, mas simplesmente esvaziar o espaço que poderá ser ocupado pelo por vir. São as horas que correm rumo ao destino.

Friday, February 16, 2007

So many and yet so little

É. Tem dias em que as coisas não parecem entrar em ordem com nada. Hoje foi um deles. Já a tarde chegou uma notícia e depois outra e outra. Eu fico aqui pensando. É difícil se segurar, mas estou tentando. Ouvindo Yo La Tengo. E vou me sentindo assim desse jeito. Pareço sem rumo. Tenho tanta coisa a ser feita e acho que quando há muito dentro é difícil colocar para fora. E nem sei mais quantas vezes eu sorrio por dia só para tentar esquecer os problemas. São sorrisos ora sinceros, ora mascarados. Fico dividido entre tantas emoções que me perco se páro um segundo para pensar. E foi tanto o que me aconteceu nos últimos meses; nem cabe falar mais. São impulsos para gerar energia e força.
Mas tem dias em que as coisas não se encaixam. As horas batem fortes. O coração pulsa mais do que deveria e as mãos parecem não agir. Sinto que minha única fulga é isso aqui. Escrever. É o meu momento de solidão e pensamentos. Fico sempre entre a razão e a emoção. De costura em costura se faz um retalho, me disseram certa vez. Pego uma agulha, uma linha e vou costurando remendos que no momento não parecem fazer sentido. Frases me assombram. Dúvidas me cercam e perseguem. Tenho a força que meus amigos me dão e eles estarão sempre no meu coração.
É. Se hoje estivesse bem frio eu ficaria em casa, na cama, debaixo da coberta lendo um bom livro. Pelo clima eu leria Virginia ou Dostoiévski. Mas sei também que sentiria a falta de um outro calor...Tem dias que são assim mesmo.

Atirei em seus olhos

Depois de um certo tempo estudando literatura, eu parei de esforçar a criatividade em trabalhos acadêmicos. Me lembro ainda do tempo em que eu comprava livros como "O que é literatura?" do Sartre simplesmente para resenhar um romance. Essa vontade começou a cercar-me ontem a noite. Estava relendo Foi Assim e senti uma vontade, quase que urgente, de escrever sobre este pequeno e belíssimo romance.
A história é simples, porém forte. Cada palavra é emocional. Cada sentença uma paixão. Aqui vai um trecho:
Disse-lhe: - Diga-me a verdade - e ele disse: - Que verdade? - E desenhava rapidamente algo no seu livrinho de apontamentos e me mostrou o que era: um trem comprido com uma densa nuvem de fumaça preta e ele, que se debruçava na janela e acenava com o lenço.
Atirei em seus olhos.

Nessa minha releitura, como em todas as outras, tive uma outra concepção deste romance. Isso me lembra o que uma amiga minha, dona de um sebo de livros no Itaim, me disse um dia: talvez você não goste desse livro agora, mas compre ele e deixe-o na estante até que um dia ele chame você". Sou tão marcado por isso que até hoje tenho Ulisses na minha estante (só que até agora ele não me chamou). E concordo. Certos livros precisam de uma experiência interna para ser apreciados.
Enfim, o romance de Natalia Ginzburg é uma filigrana dentro da literatura italiana e retrata, por uma ótica até então desconhecida, as relações entre amor e ódio e paixão e amor. Lindo, leve, inteligente e delicioso.

Thursday, February 15, 2007

Secrets


Esta é a última parte da trilogia. Falei do amor, da paixão e agora do gostar. Então vamos lá.


Gostar é um primeiro desejo. Aquilo que desperta por acaso em função de um "click" que acontece como uma surpresa. A imagem se reverte. Vê-se aquilo que não se via. E tudo assume um sentido outro, capaz de criar uma certa expectativa. Enfim, gostar de alguém, essa palavra que pode significar pouco, no sentido amoroso, faz-se dentro daquele princípio que é seguido pela paixão e pelo amor. São estágios. E o gostar é o primeiro.

Ao gostar de alguém, creio que seja aquele estado em que primeiro se tem a vontade. Essa vontade vem seguida de todos os "serás" e "talvez". Vem as dúvidas. Vem a vontade pequena e tímida. De certa forma, tudo isso cria uma esperança. A linha que divide o gostar da paixão é aquele momento em que se consuma o objeto do gostar. As dúvidas são freqüentes. "Será mesmo?". Logo, se faz um "clima" propício e é chegada a hora de tomar a decisão. Enfim, gostar é assim: um primeiro momento em que as dúvidas vêm acompanhadas de um desejo de querer. Algo como se fosse um primeiro ato.


The End

Wednesday, February 14, 2007

About that


No último post, inspirado por aquela imagem fascinante, tentei falar de amor. Agora vou tentar falar de paixão.


Estou lendo Foi Assim e me ocorreu a idéia de falar sobre paixão. É consumo. Consumo da alma. Me parece que a paixão é assim: algo que dá um frio nas juntas das mãos, soa as têmporas e vem aquele arrepio na nuca que desce para o estômago. Isso tudo pode acontecer pela imagem, pela voz, pelo cheiro, pela letra, por uma roupa usada, ou pelo contato corpo a corpo. E pode ser que essas sensações venham todas de uma única vez e que seja sentida por tudo isso. Estranha a paixão. Esse sentimento meio corrosivo, que nos provoca um comportamento de alto risco, mas que ao mesmo tempo faz esboçar no canto da boca o sorriso quieto e um olhar estranhamente malicioso.
Paixão é sexo. O auge do prazer. Tesão. A paixão provoca aquele estado em que um beijo provoca milhares de sensações ao mesmo tempo. É aquele primeiro beijo que deseja somente ele mesmo e aquele gosto; saliva com saliva; tudo ao mesmo tempo. E as pernas ficam trêmulas e os dentes, sem perceber, mordem o lábio inferior. Uma sensação de adrenalina ao sentir a saliva na boca, um do outro, descendo as mãos pelo corpo e aquela primeira gota de suor que escorre na nuca. Porque nenhum símbolo traduz melhor a paixão do que o fogo, mas pode ser também uma maçã, chocolate, dias frios embaixo da coberta, e uma noite quente ouvindo músicas como Glory Box.
Estar apaixonado é ouvir além do som, ver além da imagem, sentir além do desejo. Algo como incontrolável. Maliciosamente delicioso. E pode ser um dos estágios mais perigosos. Mas enfim, a paixão nunca poderá ser racional. Seu intento é ser passional, violenta, estridente como um grito de orgasmo.
Ufa...

The other things. Look forward...


A respeito do amor. Estive pensando a respeito. Essa história toda de amor, de apaixonar-se, de sentir-se in love, de ver a si própria e reconhecer-se no outro. Será que um dia chegaremos ao ponto de entendermos onde tudo começa? Aquela linha divisória que em instantes faz com que o sangue corra rápido, numa velocidade incrível, suba as faces, e faz o coração palpitar como taquicardia. Essa linha nos é misteriosa. Demasiadamente incompreensível. Mas acredito que estragaria a surpresa se a conhecessemos. Então, a respeito do amor, o importante é acreditar e acho que nem mesmo essa palavra faz jus ao que realmente é esse sentimento. Pode ser uma mistura de maravilhas. Um sabor. Um olhar. Um respeito e uma paixão. Pode ser também tornar-se um. Viver consumido. Deitar ao lado e dormir no peito. Carinho. Adoração. Ódio. Honestidade. Viver em grandeza. Ter ciúmes. Brigar e depois beijar. Beijar com sabor de beijo. Dançar junto em uma noite quente. Comer com o mesmo garfo. Acordar de manhã de bom humor. Sentir-se protegido. Afagar os sonhos. Esfregar os pés debaixo dos lençóis. Apaixonar-se diariamente. Bater a porta.

Talvez o amor seja tudo isso e mais um pouco. As palavras enfim não definem. É só para ser sentido. Incrível como este é o único problema que o homem não consegue resolver.

Freud foi entrevistado no fim da vida e lhe perguntaram "mas afinal, o que é um homem normal?" e ele respondeu sucinto "é aquele que consegue trabalhar e amar".

Bom, fica a imagem aqui disso tudo;

Tuesday, February 13, 2007

Other...

Ter sentido. Acho que o importante é ter sentido. As coisas. Sim, elas tem sentido. Tudo isso. Sem mais nem menos. Finalmente o quebra-cabeça se encaixa. Peça por peça.
E eu não posso viver sem isso. Sou feito de peças, de encaixes, de tudo o que me faz deitar a cabeça no travesseiro e pensar. E tudo isso faz sentido.

Sunday, February 11, 2007

Perhaps, Perhaps...Ah!

Então as coisas ficam assim. Zero a Zero, um por um. Aqueles lemas. Ouvindo muito Los Hermanos enquanto penso e repenso erros e acertos. Na balança, atualmente, parecem mais acertos. Pelo menos ando acertando as contas comigo e me livrando de tudo o aquilo que me faz mal. Procurei e achei algumas das pessoas mais incríveis, amigos mesmo! À eles dedico essa minha energia e alegria que vêm sem pedir licença. E fiz as pazes com o meu coração, já que ele andava bem apertado e afoito. Ah, mas não vá pensando que esse escorpiano já não anda aprontando poucas e boas para ele. Ah Vitor!!! Te conheço. É assim mesmo. Eu vivo assim. No limite. Sou uma pessoa que precisa do coração batendo sempre forte para viver. Não trair a natureza é um princípio quase básico. Essência, entende? Eu faço as escolhas e depois aguento o tranco. E bom, melhor não tocar nesses assuntos. O importante é isso, esse exato momento em que as coisas sentimentais se encaixaram dentro de mim e passado é passado! Agora eu quero é saber, querer e viver esse presente cheio de futuro pela frente!!

Friday, February 09, 2007

New thing

Ah como o gosto das coisas novas é saboroso!!

Just the sun

Na vida, estranha falar de vida, a expectativa parece mover os pensamentos. A expectativa de se ter um grande amor, um emprego bacana, uma casa com jardim e roseiras na fachada, um filho pródigo, ganhar flores de alguém, a expectativa de um beijo que há muito tempo se espera, uma paixão avassaladora etc etc etc. Sim, parece que a expectativa move os sonhos e direcionam o viver para aqueles lugares que nem sempre gostaríamos de estar. Quando tudo saí errado é ai que a expectativa cresce e toma força de um dia ser melhor e fazer diferente. E vem também aquela expectativa de apaixonar-se novamente. Aquela experiência intrigante que as borboletas do estômago baterem as asas rapidamente...e ai tudo explode novamente. É o movimento, é a vida.
Seguir com leveza, conduzir a expectativa em sonhos, e levar tudo na música, na poesia e nos romances românticos. Lembrar que ali ainda tem lugar para muito do acontecer. Deixar que a expectativa seja uma força e não um sonho acordado. Deve ser assim eu penso. Deixar acontecer e a força de se querer...
Um dia estaremos todos lá, velhinhos, naquele lugar pelo qual esperamos por muitos anos.

Thursday, February 08, 2007

I do...could i do it

Eu demoro e deixo passar momentos. Deixo passar os momentos preciosos como o de ontem. MInha cabeça de distrai por segundos e ai o momento passa. Depois como as unhas e a beirada dos dedos. Durmo desassossegado pensando e remoendo momentos já passados. E eu nem sei como tudo começou, ou porque começou. A verdade não me diz nada. É só uma questão de ser ver junto. E eu perco momentos. Onde posso me esconder, senão de mim mesmo? Ai, ai, ai...

Tuesday, February 06, 2007

to much

muitos pensamento sobrevoando a cabeça. tem um hora que parece que tudo deu um nó ou um giro rápido...nem deu para perceber...
Renovar-se e renovar em volta...

Monday, February 05, 2007

The End

E quando tudo atinge o paradoxo, a ironia da existência ou até mesmo o sabor amargo de amar, o salto é alto e profundo. Todas as palavras, os discursos e as altas vozes sofrem de conseqüências irrevogáveis. As mentiras assumem a realidade. As lágrimas são substituídas pela vontade de sorrir. O amor é encoberto pelo manto do ressentimento. Quando tudo é invariável e irreversível, o mesmo lugar, aquele de onde se começou encontra-se no final de cada sentença gasta, de cada saliva engolida e cada rangida de dentes. Sabe-se lá se a vida guarda surpresas e se elas serão boas ou ruins. Sabe-se lá se o coração é mais forte que a razão. E um choro já não basta para dizer adeus.
Um sorriso sempre esperto que se esboça pelo ato de vingança, porque no tudo condiz para que o amor seja apenas um sentimento passageiro. E tanto se leu sobre o amor que no final das contas ele já não é mais o salvador das angústia, mas a angústia em si. Quando se atinge aquele lugar que nunca se pensa em chegar é quando tudo acontece. O ponto final que é sempre uma reticência entre tantas outras postas em cada discurso. Os talvez, quem sabe, um dia, viram apenas esperanças falsas da palavra. E quando tudo pode ser renovado, revoga-se a atitude em troca de uma simplificação. A história que se construiu virou apenas uma página virada em um livro posto na estante. E sim, o amor é substituído pelos sentimentos avessos. A vida sim pede pelo levantamento; erguer-se diante de si próprio e não morrer de fome. Será que algum dia haverá o ressentimento? O arrependimento? Ninguém mais morre de amor. E quando a história morre, a lembrança adormece, restam apenas as fotografias queimadas e os poemas rasgados pela fé de não sofrer mais. E tudo segue no exato momento que se deve seguir. Frente à história sobram as migalhas de se ter vivido corpo a corpo. Aquele caminho trilhado é apagado. Tudo se renova. Volta à estaca zero. Um a um. Cada pedaço das recordações vão ficando para trás na velocidade de se viver. Cada olhar vale um instante daqueles momentos passados. E o passado se desfaz na alegria do presente. E quando tudo se volta contra um sentimento, resta o céu e o inferno de cada um. As músicas no rádio representam um tempo outro daquele vivido pela canção. Não existem mais mágoas nem lágrimas. O beijo na boca torna-se o aperto de mão. Os corpos que ardiam se distanciam pelo desprezo. A aversão de se lembrar; a ira de não se ter mais o sonho dourado. E quando tudo vira apenas uma canção de amor, basta apenas uma melodia daqueles que se ouvem.E quando tudo atinge o vazio, é o estado do espírito que segue e não olha para trás. Só a paisagem que restou dentro de cada um.
Jamais...

Thursday, February 01, 2007

Give Up

resta um. Aquele jogo de criança. Um cd da Aretha fabuloso, fantástico e incrível. Uma das coisas mais deliciosas de se ouvir: I never loved a man the way i loved you!!!!

Só isso. Resta um. Opções e escolhas, porque a vida é feita de escolhas.