Depois de um certo tempo estudando literatura, eu parei de esforçar a criatividade em trabalhos acadêmicos. Me lembro ainda do tempo em que eu comprava livros como "O que é literatura?" do Sartre simplesmente para resenhar um romance. Essa vontade começou a cercar-me ontem a noite. Estava relendo Foi Assim e senti uma vontade, quase que urgente, de escrever sobre este pequeno e belíssimo romance.
A história é simples, porém forte. Cada palavra é emocional. Cada sentença uma paixão. Aqui vai um trecho:
Disse-lhe: - Diga-me a verdade - e ele disse: - Que verdade? - E desenhava rapidamente algo no seu livrinho de apontamentos e me mostrou o que era: um trem comprido com uma densa nuvem de fumaça preta e ele, que se debruçava na janela e acenava com o lenço.
Atirei em seus olhos.
Nessa minha releitura, como em todas as outras, tive uma outra concepção deste romance. Isso me lembra o que uma amiga minha, dona de um sebo de livros no Itaim, me disse um dia: talvez você não goste desse livro agora, mas compre ele e deixe-o na estante até que um dia ele chame você". Sou tão marcado por isso que até hoje tenho Ulisses na minha estante (só que até agora ele não me chamou). E concordo. Certos livros precisam de uma experiência interna para ser apreciados.
Enfim, o romance de Natalia Ginzburg é uma filigrana dentro da literatura italiana e retrata, por uma ótica até então desconhecida, as relações entre amor e ódio e paixão e amor. Lindo, leve, inteligente e delicioso.
1 comment:
leve??? eu amei esse livro, li-o em um dia, mas fiquei passando mal durante muito tempo com ele. você leu caro michele??
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