Enquanto isso, vou deixar aqui um pequeno texto que fiz essa semana:
Começou com um desejo de sinfonia. Era aquela vontade de saber com quantas notas se compõe um poema musical. Poderia estar sentado nas teclas de um piano, naquele vaivém dos acordes. Aquele momento que já havia passado rapidamente pelos olhos, como se viver fosse somente a soma de todas as vezes que piscou os olhos e por breves momentos tivesse perdido a chance de ver o mundo entre o piscar e abrir os olhos. Tardes inteiras, noites longe do fim e o fim como algo palpável. Amar era assim. Algo como se perder entre os dedos e ranger os dentes na doçura dos vestígios. Tudo era um simples desejo. Queria somente ter sentido mais o corpo, o cheiro, o gosto da boca, as carícias e o colo. Tudo era simples. Somente um desejo de querer o que está ao alcance das mãos. E tudo apartado por um vidro grosso que não tinha reflexos, mas somente uma divisão, como a janela e o fora. Tudo aquilo que estava por vir perdeu-se em um caminho estranho de encontrar e desencontrar o objeto do desejo. Porque queria ser mais, ser algo grandioso para outro algo igualmente grandioso, como escrever sem precisar da caneta e das mãos. Ver o sol nascer pelas notas. Isso também poderia ser um desejo, simples como o desejo.
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