Monday, April 02, 2007

The place that we belong. The Place!

Encontro naquele escuro, um lugar menos silencioso. Estou somente a espera daquilo que se espera dentro do esperado. É quando abdico do barulho, da sinestria e daqueles laços tão soltos pelo ar. Inspiro; encho os pulmões de ar para não pensar em como tudo seria diferente. Aquela avenida, aquelas ruas, o mesmo solo que você pisou por um instante, eu também, com meus pés atravessei o limite tênue do seu andar com o meu desejo de andar por você. Há tempos que esquecemos que a morte é uma linha, e não um estado. Os trotes, os galopes e as faces foram devoradas por aquele monstro infantil. E quando criança, tudo era apenas uma cor: branco e preto. Hoje, todas misturadas, dão uma ótica menos sintetizada. Queria por instantes ser sua pele, mas o limite de nossas vidas já é o instante, as horas, em que atravessaram-nos e esqueceram o aviso na porta. Sou um relógio que conta horas ao contrário. Em você me projetei, me deleitei, me fiz como um sexo selvagem. Selvagem coração. De manias em manias, deixei-me levar pelas ondas do meu calor, da minha ilusão, do meu sabor em querer o amargo e nunca o doce.
Selvagem Coração!
Aquelas notas que musiquei pelas palavras e tudo o mais que fiz em teus dedos, foram somente demonstrações do que se pode ser. Aquilo que poderá tornar-se um dia, pela fenda da porta, pelo escuro do quarto, pelos lençóis ansiosos. De terras míticas que, de fato, são somente minhas ilusões, eu vi nossos corpos estirados como se fossem apenas um só, algo de profundo e receoso, assim como quebram as ondas na beira da praia sem licença, devorando a areia e faiscando diamantes no ar. Aquele sol, perdido entre as nuvens, simulava um calor que não era calor, mas um sentimento desesperado de querer. Arriscaria ser fotossíntese da própria pele para achar-me na natureza do que não pode ser. Uma nota bate, uma música a dois ouvidos. No escuro encontro-me com você por debaixo do lençol, com a cabeça no travesseiro, o suor escorrendo pela testa enquanto outros se formam sobre o lábio e na ponta do nariz. A água apaziguadora. A água bentificada em desejos ocultos e solitários; típicos da noite e do inferno que é ser aquilo que não se alcança na realidade.
Selvagem coração.
Assim, no escuro, ouço sua voz, seu silêncio e a dureza firme, mais que firme, dizendo-me: vá e faça-se feliz.
Selvagem coração!

1 comment:

F. said...

publica isso agora, por favor! nossa, tá foda.