Hoje, ouvindo canções francesas - só voz e violão. Daqui, eu consigo ver pela janela um prédio cinza, espelhado, talvez demasiadamente moderno. Mas ele está coberto por um manto de luz amarelada da manhã. Por trás, um céu azul ferrete e uma pequena faixa cinza de poeira. Dois cafés e contando cigarros, eu vim pronto a escrever um texto. Uma epígrafe, uma epístole. Desisti na hora em que tudo ficou preso no silêncio.
As manhãs de outono. O cheiro de árvores secas, de perfume amadeirado e flores orientais. Ontem e hoje, tantas palavras esvoaçaram o dia, espantaram algumas idéias e formaram outras. Pelo mundo todo, pelas arestas, uma palavra para cada um. Com direito a fumaças de café, roda gigante e ares de cara lavada. Descobre-se, cedo, que ainda por ai os sábios que vêem além dos nossos próprios olhos. Eles andam por ai, soltos. E para eles uma palavra também.
Bêbado de palavras francesas. O violão e a voz. Hoje, algo poderá existir.
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