As corridas estão abertas. Toda a neve derretando como se o sol não fosse só o calor, mas algo além quase como uma luminosidade mágica. Tudo tão cheio de nuvens e numa velocidade incrível eu ajusto a calça e tento pentear o cabelo. Das semanas intensas e dias corridos, aquela selvageria e um estado emergencial. As providências do dia. Uma chatice. Nem cura inventaram. Textos sem nexo ou, se preferir, nem pé nem cabeça. Certos sintomas de esquecimento, sonhos inadiáveis e aquele velho inconsciente alertando com luz vermelha o perigo eminente.
Ai, eu me perco. Me perco vagando entre tantos mundos, tantas idéia, dentro e fora do meu corpo. Sim, pensar demais é sintoma de carência. Sim, pensar demais é motivo para falta de ação. Não digo dos poemas. Ah, os belos poemas de Hilda, Sophia e até o pobre e esquecido Pessoa. Minhas leituras atrasadas e um quarto semi-arrumado. Livros desorganizados e uma antiga mania de sentir-se deprimido. Seja nas manhãs, seja nas noites, um resgate sensorial de tudo o que se passa. Seja como for, aqui ou ali, é preciso um certo ar de leveza. E nem é preciso muito. Talvez uma bebida, um pão velho, mas que tudo acabe no riso, no sono pesado...
As corridas estão abertas. Nem sempre é o que se esperou. Os desejos de criança mimada e as vontades adolescentes. Aquele romantismo rouco, clareado por idéias literárias. Tudo, mas tudo mesmo colocado num quadro renascentista. Nem mesmo Sartre seria tão niilista para acreditar em túmulos ou romantismos exacerbados. Aqui, preza a paciência e, claro, a tal da leveza. Se as corridas estão abertas, basta trocar a ferradura e trotar.
Na chegada, é só cortar a faixa. Que nem sempre vem junto de presentes ou datas especiais.
1 comment:
E é isso. Digo que desse texto, também, eu gostei muito. Pandarecos do dia a dia...
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