Quando esqueço, por momentos, tanta coisa que se passou. Memórias do passado, brincadeiras de criança próximo ao rio e até mesmo os primeiros momentos da adolescência. Se fosse uma religião, abdicaria da carne, de deus, das santificadas expressões e, no lugar, daria um clarão de idéias aurívoras. Mas aqui, enquanto o frio não toma o seu lugar, enquanto não para de chover e até mesmo as insônias, eu deixo estar tudo quieto; adormecido.
Nem mesmo gritas minhas idéias de filosofia, embriagado num táxi, ou explicar a importância do movimento romântico no Brasil. Falar de Alencar e dar a ele sua importância. De nada resolve. Adormeço com os livros ao redor e um certo ar de tranquilidade. No meio da noite, o relógio anunciando 04:26 e eu tentando interromper sonhos e ver pela escuridão um pontinho de luz. Os sonhos do passado e aqueles rastros abençoados. A tudo abdico. Escondo os quadros e quando esqueço, por momentos, a pressa dos dias, volto a dormir.
São pequenos cortes. A ressaca matinal, a dor de cabeça e os vultos na memória. Escrever sobre tudo, para tudo e todos. Dedicatórias invisíveis e tudo a borbulhar. Das xícaras solitárias, da família distante próxima ao mar e meu desejo por ondas maiores e água salgada. Nem mesmo os amigos ficaram pra ver os fogos coloridos. O lábio inchado do beijo inesperado. Rimas afugentadas e um certo calor em pleno sábado.
Por momentos deixo estar tudo. Ponho de lado a mão direita. Tudo quieto. Adormecido. Por momentos.
Tudo adormecido.
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