Assim como o vento, Lilia brincava rodando, lenta, veloz, astuta. Balançava as mãos tentando agarrar as pontas do ar que era brisa de ondas verdes. Na dança ingênua mergulhava em um mundo que era somente de cores, que era de sonhos, como uma poesia. E sentia que na vaidade de criança, podia alcançar as nuvens fracas do céu de outono. Perdia-se no vazio de pensamentos doces. Tropeçava e levantava. Era uma criança. Lilia jogava-se no ar e deixava seus cabelos ondulados também serem tocados pelo vento. Amava o vento. Parava, quieta, e deixava seu rosto sentir-se batido por algo que não via; era a delícia de ser o vento correr sem vê-lo. E estava presa ao lugar que lhe pertencia. Ria e chorava como só se podem fazer as crianças, ou os espíritos imorais. Ela baixa, mas queria alcançar o céu. Sentia a luminosidade, como se estivesse de olhos fechados, entrando vagamente pelos pés, aquecendo as pernas, pela cintura e o rosto já quente.
E sim, foi um sonho. A menina já grande olhava para o lado e o via em sonho vivo. Ouvia o som do mar batendo na orla da praia. Queria abraçar as ondas e entregar-se aos mitos. Aquilo era uma razão, mas ouvia o som da tirania. Queria girar apenas, e alcançar.
1 comment:
Desculpa mas eu sou a Lilia...
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