Hoje em dia tudo mudou.
Eu me lembro de ir ao Mcdonalds e comprar o número 1 por apenas R$5,65. Antigamente tudo parecia mais acessível. Era a inflação?
Eu me lembro que o telefone era artigo de luxo e as brincadeiras de rua mais divertidas do que videogame. Me lembro de sentir prazer em comprar um cd, abri-lo e deliciar o encarte e ler as letras ouvindo as músicas. Hoje em dia, assumo, não compro cd´s. Sou daqueles traidores que fazem download. Hoje em dia tudo mudou.
Minha mãe costumava contar como era divertido andar de bonde e brincar nos “bosques” que haviam em São Paulo. Bosques? Só restou o Ibirapuera. Meu pai contava que um de seus passeios favoritos era ir ao Vale do Anhangabaú tomar cerveja. Seis meses atrás ele foi assaltado no mesmo lugar que ele tanto havia passeado com os amigos e namoradas. Hoje em dia tudo mudou. Não é saudosismo. É constatação.
Estamos na era do perene, do instável e do favoritismo. Deixamos de lado o cd player, o próprio cd e o rádio e trocamos pelos tocadores virtuais de música. Não precisamos mais do cd; a letra fica disponível na Internet. Estamos na era do virtual. As músicas vêm sem que sejam vistas. Antes, o cd era palpável. Um arquivo de extensão chamado de MP3 mudou tudo. Não “vemos” a música. Estamos na era do dois em 1. Telefone celular que tira foto, filma, acessa Internet e vem acoplado com pacote Office e, claro, faz ligação. Esquecemos que a máquina de escrever é funcional. Humana. As câmeras analógicas e práticas ficaram nas brechós e ferros-velhos urbanos. Aquela revelação artísticas que permitia efeitos e trabalhos experimentais como os de Hockney ficaram para trás. Basta tirar uma foto, abrir o programa de imagens e tudo poderá ser alterado em questão de segundos. Estamos na era do dois em um. Geladeira com televisão, moedora de gelo e som. E, claro, ela ainda refrigera alimentos. Estamos na era do menor esforço. Trocar de marcha é obsoleto. Bom mesmo é carro automático, correr na esteira digital da academia, ver DVD no banco de trás, pendurar televisores no lugar de quadros e acender as luzes com um simples bater de palmas.
Hoje em dia tudo mudou. Estamos na era do desprendimento, do anti-relativismo e do distanciamento. Se antes as relações pessoais eram mais estreitas, hoje elas são manuseadas por e-mails, mensagens de texto e vídeo-chamadas. Perdemos o contato humano. Estamos sim na era do anti-relativismo. Quem quer saber de onde viemos e quem somos? A metafísica está morta. A herança de Aristóteles custa apenas R$ 1,99 no sebo da esquina. “Acesse já e saiba a sua personalidade”. Quem precisa de leitura? Nietszche já havia alertado para a morte da metafísica lá por 1800. Estava certo. Com ela, as questões ontológicas também se esvaíram. A arqueologia do saber ficou soterrada pelo distanciamento. Estamos na era de somas. Quem soma mais, pode mais. Tudo é enfeite. Menos, sempre menos contato, menos humano, menos sentimental. A era do Iposso, Ifaço, Isou, Ipod, I I I . Quem quer saber de metafísicas, Aristóteles, filosofia, máquinas de escrever, papel e caneta..? Hoje em dia tudo mudou. Somos perfeitos um para o outro, desde que seja à distância.
E eu ainda me lembro da minha mãe contando como era divertido pegar o bonde e ir até o Vale do Anhangabaú tomar sorvete.
Eu me lembro de ir ao Mcdonalds e comprar o número 1 por apenas R$5,65. Antigamente tudo parecia mais acessível. Era a inflação?
Eu me lembro que o telefone era artigo de luxo e as brincadeiras de rua mais divertidas do que videogame. Me lembro de sentir prazer em comprar um cd, abri-lo e deliciar o encarte e ler as letras ouvindo as músicas. Hoje em dia, assumo, não compro cd´s. Sou daqueles traidores que fazem download. Hoje em dia tudo mudou.
Minha mãe costumava contar como era divertido andar de bonde e brincar nos “bosques” que haviam em São Paulo. Bosques? Só restou o Ibirapuera. Meu pai contava que um de seus passeios favoritos era ir ao Vale do Anhangabaú tomar cerveja. Seis meses atrás ele foi assaltado no mesmo lugar que ele tanto havia passeado com os amigos e namoradas. Hoje em dia tudo mudou. Não é saudosismo. É constatação.
Estamos na era do perene, do instável e do favoritismo. Deixamos de lado o cd player, o próprio cd e o rádio e trocamos pelos tocadores virtuais de música. Não precisamos mais do cd; a letra fica disponível na Internet. Estamos na era do virtual. As músicas vêm sem que sejam vistas. Antes, o cd era palpável. Um arquivo de extensão chamado de MP3 mudou tudo. Não “vemos” a música. Estamos na era do dois em 1. Telefone celular que tira foto, filma, acessa Internet e vem acoplado com pacote Office e, claro, faz ligação. Esquecemos que a máquina de escrever é funcional. Humana. As câmeras analógicas e práticas ficaram nas brechós e ferros-velhos urbanos. Aquela revelação artísticas que permitia efeitos e trabalhos experimentais como os de Hockney ficaram para trás. Basta tirar uma foto, abrir o programa de imagens e tudo poderá ser alterado em questão de segundos. Estamos na era do dois em um. Geladeira com televisão, moedora de gelo e som. E, claro, ela ainda refrigera alimentos. Estamos na era do menor esforço. Trocar de marcha é obsoleto. Bom mesmo é carro automático, correr na esteira digital da academia, ver DVD no banco de trás, pendurar televisores no lugar de quadros e acender as luzes com um simples bater de palmas.
Hoje em dia tudo mudou. Estamos na era do desprendimento, do anti-relativismo e do distanciamento. Se antes as relações pessoais eram mais estreitas, hoje elas são manuseadas por e-mails, mensagens de texto e vídeo-chamadas. Perdemos o contato humano. Estamos sim na era do anti-relativismo. Quem quer saber de onde viemos e quem somos? A metafísica está morta. A herança de Aristóteles custa apenas R$ 1,99 no sebo da esquina. “Acesse já e saiba a sua personalidade”. Quem precisa de leitura? Nietszche já havia alertado para a morte da metafísica lá por 1800. Estava certo. Com ela, as questões ontológicas também se esvaíram. A arqueologia do saber ficou soterrada pelo distanciamento. Estamos na era de somas. Quem soma mais, pode mais. Tudo é enfeite. Menos, sempre menos contato, menos humano, menos sentimental. A era do Iposso, Ifaço, Isou, Ipod, I I I . Quem quer saber de metafísicas, Aristóteles, filosofia, máquinas de escrever, papel e caneta..? Hoje em dia tudo mudou. Somos perfeitos um para o outro, desde que seja à distância.
E eu ainda me lembro da minha mãe contando como era divertido pegar o bonde e ir até o Vale do Anhangabaú tomar sorvete.
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