Wednesday, July 11, 2007

Pardon

O que é a sensação? Sentir algo?
Sentir que poderia? Sentir alem do que o corpo pede. Mil pensamentos que sobressaem, perpassam a distância entre o corpo e o mundo. Manifestar-se diante do inconsciente, aquele inconsciente que nos faz querer sem saber o porquê. Lá se vai a vontade e quando menos se espera, vêm o murro. O que é a sensação de gostar de outro? A devoção, flagelada, de um sentimento altruísta. Roland Barthes, teórico francês, em seu ensaio Fragmentos do Discurso Amoroso, detalha por meio do campo léxico característico dos escritos amorosos, as relações estabelecidas entre o discurso e o sujeito amoroso. Em específico, Barthes diz que ao nos apaixonarmos por alguém, de fato, estamos nos apaixonando por nós mesmos. Isto é, ao se apaixonar, o sujeito amoroso vê no outro aquilo que quer para si, aquilo que se guarda no íntimo e, logo, a vontade e o crescimento do sentimento vão de encontro ao ego e não ao outro.
Essa proposta nos parece deveras interessante. Mas pouco prática. Serve-nos para os escritos amoroso, às análises crítico-lingüísticas para tratar de assuntos do texto, literários ou não. Na vida prática, sim, a vida prática, bestial, infantil, imatura, desenfreada, enlouquecida pelas vivemos-felizes-para-sempre, nos acostumamos que sem a paixão, estamos vazios. E, claro, que é exatamente essa a sensação que perdura enquanto o coração não pensa em outro. E é estranho essa forma característica de não ser um eu se não houver o outro.
É pertinente, bastante pertinente prestar atenção às sensações. Essas que nos movem à loucura, ao delicioso, ao lascivo encontro da pele, do corpo, da mente e de alguns, poucos, sentimentos nobres. São estágios, essas sensações. Primeiro, vêm a coisa idílica, bonita e altruística. Transforma-se então, em certo estágio, no ódio, na mágoa e no egoísmo de atos e palavras.
E o tal do amor puro? Será que ele existe ou é mais uma criação estranha da ficção?
De nada adianta. Algumas notas de rodapé. No entanto é só para eu tentar entender porque me apaixono, apaixonei e sempre apaixonar-me-ei. Essas sensações.
- Te mando a energia de meu pobre pensamento...eu estou preso naquela cela.
- quando eu era criança, tinha esquecido que crescer...
- não lembro. A última vez que eu te beijei!
- Isso é estranho, porque eu não gosto dessa música...

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