Wednesday, October 03, 2007

Somewhere in Japan

Culto, misto de tecnologia e religião. Altas árvores, meticulasamente cuidadas, centradas em jardins programados, organizados nos detalhes menores; minimalistas. As altas luzes vindas dos letreiros gigantescos e quentes, misturadas ao povo estranho, baixo, de olhos puxados e risadas contidas. Naquele interior, no campo de arroz, as pequeninas árvores sendo cuidadas com as mãos e alguns campos verdes, cercados por aquela magia da religião. Uma fumaça de insenso vem para perto da folha roseada, uma gota de orvalho escorre - languida - e a fumaça, assustada, corre para longe, bem longe.
No meio das luzes, perdidas, amarelos, vermelhos, estranhos néons, vem aquele fonema. Uma junção irreconhecível, inaudível de sons, batidas de dentes, vozes agudas e algo que parece um grito. No meio das luzes, com o cabelo liso na testa, pode-se ouvir ao longe, num alto apartamente daquele prédio arredondado o som. Alguém cantando, as luzes batendo no vidro, refletindo as imagens da propaganda. Ela canta; sabemos que é uma mulher. "i´m special, so special...gonna make you..." e antes que pudesse perceber, uma ambulância afoita passa, encerra a música e a vida volta ao normal.
Aquele culto, a peruca rosa, o moço alto, e aquelas luzes, misturadas ao cheiro do molho de soja e do peixe, um pouco de arroz empelotado, e aqueles insensos. O culto. As folhinhas de papel amarradas no galho da árvore. Aquele culto.
Sim, em algum lugar do Japão. Perdido. Lost in translation.
Familiar...

1 comment:

F. said...

nosso filme... para sempre.