Monday, May 14, 2007

Anos dourados

Ainda é tempo. Rememorar aqueles dias. Ainda é tempo. Como se eu fosse retalho, ontem você me costurou novamente. Por tudo na vida tem que ser assim? Se eu gosto de você e você gosta de mim. Aquilo que separou, um retrato que restou dentro da gaveta e um cheiro que não sai do lençol. Aqueles sonhos re-sonhados nas noites solitárias e todas as palavras duras se desvafazem dentro do meu coração. Batidas rápidas e minhas mãos tremendo. Meu olhar encontrou o seu e assim se refez um selo; aquele pacto mitologico que ficou preso em um instante, naquele domingo.
Ainda é tempo.
Ainda é tempo?
Será que é tudo dessa forma? Minhas roupas e meu corpo ainda marcados pelo seu cheiro, pelo seu suor e pelo gosto de leite da sua boca. A lembrança forte, não vaga, de um sentimento podereso, maior e incapaz de se reconstruir. Vaidade, lembrança, vida e sonhos. Eu subi as escadas para te encontrar no caminho inverso. Você ouviu tudo, mas não teve tempo de me ver subindo, de ter cortado o cabelo e nem sequer soube o quanto eu comecei a gostar de outras músicas. Sim, o tempo passou rápido entre a gente e rápido foram os dias em que não pensamos um no outro. Mas, de repente, ver-te me fez calor e eu subtraí e subverti tudo aquilo que disse. Naquele seu olhar molhado, ainda estão à deriva tudo aquilo que se fez e quer fazer.
Ainda é tempo?
O meu e o seu olhar dentro de lágrimas infundadas na amargura e no perdão. Eternamente seremos assim: um filme sem fim ou um poema sem desfecho. Começo, meio e...
Esqueço e te lembro dentro de um vidro, uma nuvem e uma cor.

Parece que dizes
Te amo, Maria
Na fotografia
Estamos felizes
Te ligo afobada
E deixo confissões
No gravador
Vai ser engraçado
Se tens um novo amor
Me vejo a teu lado
Te amo?
Não lembro
Parece dezembro
De um ano dourado
Parece bolero
Te quero, te quero
Dizer que não quero
Teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais
Não sei se eu ainda
Te esqueço de fato
No nosso retrato
Pareço tão linda
Te ligo ofegante
E digo confusões no gravador
E desconcertante
Rever o grande amor
Meus olhos molhados
Insanos, dezembros
Mas quando me lembro
São anos dourados
Ainda te quero
Bolero, nossos versos são banais
Mas como eu espero
Teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais

Você tinha razão. Vai ser estranho rever um grande amor.

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