Eu entendo pouco da psicanálise e dos mecanismos oníricos de defesa. Entendo menos do que gostaria. Meu conhecimento é como um guia de bolso comprado em um sebo por apenas alguns trocados. Mas eu entendo, entendo minhas sensações e brinco com todas. A perspicácia de entender um sonho, uma vontade semi nutrida de idéias toscas. Ah, é como se tudo isso, todas as coisas dentro de mim fossem uma bola rebatendo na parede – eu de um lado para outro.
A minha pseudo-psicanálise advém da leitura infantil de Kafka e Freud. Pudesse eu ter a habilidade de converter-me em pequenas moléculas para adentrar em minha mente e extrair, como um novelo, todas as linhas formadoras dos maus pensamentos. E quando sonho, aquele sonho indesejável, reconheço o momento de regurgitar a fome de você pela vaidade de continuar no caminhar e caminhar. Essas cores que me traz, essa vontade de colocar as mãos e os joelhos no chão, ficar de quatro, o calor experimental provocado pela adrenalina do seu cheiro, tudo isso, tudo isso é sintoma do pesadelo. E se até o gosto da sua boca ainda sinto, então é porque desaprendi as artimanhas da racionalidade. Tudo tornou-se passional. Meu corpo, para você, será sempre o estopim para uma incontrolável loucura; enquanto que eu espero pelo único momento do dia em que parecemos estar exatamente no mesmo lugar, nos meus sonhos.
Eu controlo vontades enquanto que pelos dedos escapa-me o destino fatídico. Ansioso, eu procuro o travesseiro e o tempo passa, lento, pesado e aquilo tudo não acaba, não acaba. Por um desses instantes, eu pego com a mão, e tento me perder. Deixar o controle disso tudo em mãos divinas. É quando levo um murro no peito, caio no chão e tudo recomeça. Pego a agulha e o novelo.
Teço meu destino em sapatinhos para o meu filho.
Teço você, em lã grossa, quente, colorida, eu teço-me em você. Eu me torno, eu sou o meu destino.
Friday, June 20, 2008
To praise highly
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