Monday, June 30, 2008

My buzzer goes

Um peso para o corpo, uma medida para o copo, um certo ar de quem sabe o que faz. O descanso necessário a partir de uma outra vontade maior. A vontade de simplicidade, de leveza, de tudo aquilo que me traz e dá esse sentido. A leveza e a simplicidade. Seja para o sorriso, para uma cor, um dia de chuva, uma espera no ponto de ônibus, o beijo quente, o primeiro cigarro do maço. Uma simplicidade multiplicada e replicada para todas as instâncias. Um peso para o corpo, um peso outro.
E será mesmo que tudo deve ser simples? Simples como um carinho, um vento, um espírito quebrado. Ah, mas as coisas podem ser somente leves, planando no alto do céu. São momentos. Viver de momentos. Alegrias, martírios, funerais, esperanças. Enterrar alguém é difícil. Por isso, devemos viver na simplicidade de tudo aquilo que é honesto, infantil e leve. Em tudo.


...

Friday, June 27, 2008

One more shot


Ontem eu disse: não consigo escrever. Não consigo alinhar idéias com palavras, com as linhas inócuas, com a vontade de transcrever um pouco de tudo.


Thursday, June 26, 2008

Fire and works

Eu escondo razões e motivos aparentes. Uso como desculpo o virtuoso caminho da facilidade do engano. Toda aquela comoção pelo sopro de vento, pelo levar e trazer. Um ritmo estranho, nada aparente. Eu escondo e facilito as vias do engano. O vôo secreto de uma águia já abatida.
Escondo os tiros, as faces ocultas e devoradoras de realidade e, em troca, devolvo tudo aquilo que sou transformado em pó. Pó estelar, talvez. Carrego nas costas um mundo de irrealidades e livros usados. Eu escondo razões para não ser ser feliz pelos olhos. Por vezes, deixo cair os ombros, tamanho é o peso de todas as escolhas reunidas num único saco natalino. Nada parece importar. As batidas do coração fortes, o pulsar gigantesco de uma fome voraz e a ansiedade, toda a ansiedade de um estado quase mágico.
Mato e escondo as possibilidades. Escondo no sorriso e na voz doce. Dou ao demônio um beijo na testa, traindo os céus, anjos e toda a porcaria reluzente. Sim, dou um beijo no demônio e ele me agradece com suaves toques e tapinhas nas costas. Sim, eu troco o fogo e o calor pelo frio e gélido ar das noites. Troco tudo. Durmo sem roupa para sentir frio e esquecer de tudo o que se passa ao redor do meu corpo. Esqueço tudo. Escondo tudo. Escondo num armário, num baú e embaixo da cama.
Transbordando, transbordado, os instantes e semelhanças se dissolvem na água do banho e estouram como bolhas de sabão. O virtuoso caminho do mais fácil.
Eu escondo, escondo o demônio atrás de mim.
E ele adora quando, suavemente, eu beijo sua testa.

Tuesday, June 24, 2008

Be extraordinary

Milhões de motivos. Todos sabem o quanto aqui repito a palavra "saudade" em suas variadas formas. Não é segredo o quanto certos pontos me tocam. São milhões de razões. Motivos fundados e intocáveis que me fazem acreditar ter saudade do que foi bom.
Não é segredo.
E essa saudade vem sempre acompanhada de um gole seco de entender, desmentir e desmistificar a própria realidade. Não quero ser demagogo com o passado e muito menos discorrer sobre as vicissitudes da vida, destino etc etc etc. São milhões de motivos para celebrar o calor do meu espírito quando todas as coisas das quais já falei me causam saudade. Saudade de tempo, de amor, de paixão, saudade de sexo, experimentação, saudade literária, musical, visual. É porque todas essas coisas me fizeram num sentido outro. Transformaram todo o universo, juntando estrelas e astros ao redor de uma planeta desconhecido que, aos poucos, foi tornando-se universo. Eu sou paralelo. Pareço que não, mas sou. Avesso ao vazio, ao anti-romantismo, à exacerbação do paraíso e mesmo do inferno. Não é segredo o quanto estou trancafiado. Milhões de chaves que se somaram no fechar. É como um cubo, eu diria. Um cubo mestre, cheio de espetáculos, lados obscuros de decepções, lados de pura alegria, os lados saudosos, os lados fantasiosos etc.
Não é segredo.
Não é segredo que desejo uma planta de casa desenhada no chão com velas, no topo de uma colina. Esse desejo de poder quebrar as minhas próprias barreiras, destrancar as portas e deixar entrar. Como uma casa, como o mar acolhe as estrelas, como o universo que deixa estar as estrelas e os astros.
Não é segredo do amanhã. Tudo, o passado, o presente a vida em si. Meu chão de estrelas e passados.
Não é segredo que amanhã eu posso tornar-me apenas uma poeira cósmica. Não é segredo.

Monday, June 23, 2008

Let´s call it off

Por dentro e fora, nas beiradas e nos cantos escondidos. Pelo centro de cada coisa, pelo sentido de tudo isso. Dentro e fora. Amanhã, como hoje, será um pouco diferente. Sem manias, sem peso, sem bigornas e estopins. Somente as plumas, a leveza do mar e o amanhecer sempre adiantado.
Por dentro e fora, na ponta dos pés, no olho inchado e no calor. Por dentro e fora. Pela esquerda e pela direita. Onde fomos parar? No riso coincidente, nas memórias literárias. Talvez seja um dos lugares para estarmos ontem e hoje. Nas minhas costas, aquele consolo de que tudo é passageiro, efêmero. O consolo de ainda vamos ter esse sentimento, dia após dia.
Ontem e hoje. Espreitamos em locais proibidos. Silenciei a razão, dei lugar a outra forma de esquecer a vida e celebrar uma pseudo-notoriedade dentro dos seus olhos. E nada combina melhor do que isso. Uma T-shirt branca estampada com letras grandes e pretas.
Aqui não sou eu.
Aqui não posso ser.

Sunday, June 22, 2008

Into the wild

Algo que muda. Algo que se transforma. Uma fome, uma ânsia e algo que se modifica. Algo sem motivo. Os motivos de outrora. Os motivos que fizeram algo mudar, como se não quisesse aquelas antigas sensações de estar sempre no meio do corte, cicatrizando e coagulando. A vontade de carnificina denunciada pelas pontas e beiradas dos dedos assume uma vontade particular e solitária. Se as vertigens parecem caminhar como parte do corpo é porque algo mudou. Prestes à mudar, talvez. Assim, sem aviso de chegado, em segundos tudo mudou. A fome pelos dedos, a fome pelo andar e pelas luzes semi-acessas do entardecer. Vermelhas, verdes, foscas e reluzentes. As pessoas vagando pelas ruas, umas conversando, outras rindo e muitas outras sozinhas caminhando no frio com o rosto rosado e de braços cruzados com medo do vento gelado.
Algo que muda. Aquele start incômodo de sentar-se no banco sem saber exatamente onde. A transformação pelo que foi. Soltar as amarras de um antigo animal selvagem e deixar os dentes à mostra. Essa é a vontade. Galopes de um cavalo solto na paisagem; a crista leve balançando solta no ar. Assim, simples como se poderia imaginar, algo muda em meio a um vaivém de vaidades, orgulhos e sentimentos passados. Aquele desgaste quase físico que clamou por uma estranha transformação atingiu o corpo e mobilizou-me diante de tudo: do quadro, da figura, dos rostos, da poesia, da melodia, de um dia, do frio, do calor, de anos, meses, dias, horas, minutos e segundos.
Algo que muda. Eterno enquanto dure a fobia pelo desagradável. Tantos nomes, tantas vezes que partiram aqueles rostos. Tantas vezes eu tentei me sufocar diante disso tudo, inclusive da mudança. Abdico do feliz conviver pacífico. Abdico de tudo. Uma única vez. Abdico da carne, do amor e das paixões violentas e desgastadas. Abdico de mim, do mundo e das vozes ocultas que me visitam ao anoitecer. Soma de todas as coisas, de todos os medos e de todas as vontades.
Volta. Meia volta. Algo muda.
Eu querendo escrever uma história e deixando que ela mesma viva, sem letras, sem regras, sem amarras. Na multidão algo tornou-se desespero. Enfim, uma única luz, vermelha ou verde, pôde se acender.
Algo muda.

Friday, June 20, 2008

To praise highly

Eu entendo pouco da psicanálise e dos mecanismos oníricos de defesa. Entendo menos do que gostaria. Meu conhecimento é como um guia de bolso comprado em um sebo por apenas alguns trocados. Mas eu entendo, entendo minhas sensações e brinco com todas. A perspicácia de entender um sonho, uma vontade semi nutrida de idéias toscas. Ah, é como se tudo isso, todas as coisas dentro de mim fossem uma bola rebatendo na parede – eu de um lado para outro.

A minha pseudo-psicanálise advém da leitura infantil de Kafka e Freud. Pudesse eu ter a habilidade de converter-me em pequenas moléculas para adentrar em minha mente e extrair, como um novelo, todas as linhas formadoras dos maus pensamentos. E quando sonho, aquele sonho indesejável, reconheço o momento de regurgitar a fome de você pela vaidade de continuar no caminhar e caminhar. Essas cores que me traz, essa vontade de colocar as mãos e os joelhos no chão, ficar de quatro, o calor experimental provocado pela adrenalina do seu cheiro, tudo isso, tudo isso é sintoma do pesadelo. E se até o gosto da sua boca ainda sinto, então é porque desaprendi as artimanhas da racionalidade. Tudo tornou-se passional. Meu corpo, para você, será sempre o estopim para uma incontrolável loucura; enquanto que eu espero pelo único momento do dia em que parecemos estar exatamente no mesmo lugar, nos meus sonhos.

Eu controlo vontades enquanto que pelos dedos escapa-me o destino fatídico. Ansioso, eu procuro o travesseiro e o tempo passa, lento, pesado e aquilo tudo não acaba, não acaba. Por um desses instantes, eu pego com a mão, e tento me perder. Deixar o controle disso tudo em mãos divinas. É quando levo um murro no peito, caio no chão e tudo recomeça. Pego a agulha e o novelo.

Teço meu destino em sapatinhos para o meu filho.

Teço você, em lã grossa, quente, colorida, eu teço-me em você. Eu me torno, eu sou o meu destino.

Thursday, June 19, 2008

Young folks

Um dia entre cortes, passos largos e o rosto levemente seco. O despertador atrasou, ou será que fui eu que demorei a entender que aquele estranho noise era do relógio e não do meu sonho? Dois comprimidos anti-vertigem, um sono pesado e um sonho estranho. Uma aliança, o mundo inteiro distante como se eu tivesse ido a uma viagem espacial, deixando pra trás toda quinquilharia e parafernalha que eu juntei ao longo dos anos. Uma viagem pelo foguete, junto ao espaço e duas alianças douradas.
um dia entre cortes e viagens espaciais. passos largos e um música zumbindo no ouvido.
Um dia em que o mundo, enfim, fez-se efêmero e mostrou-me o quanto sou frágil, como uma linha de lã...como eu também sou efêmero.

Wednesday, June 18, 2008

CInderela´s disease

O vaivém quase marítimo, o chacoalhar do barco, de um lado para outro, a paisagem estática, imóvel. Primeiro, vem o enjôo, depois a sensação de que o mundo parece ter parado de girar, enquanto que dentro, no nosso corpo, o mundo começou a girar mais forte.
O vaivém de sonhos, vontades e pensamentos tardios.
É sintoma. Labirínto. Sem saída. É tudo uma grande jogo, entra e sai. Eu, suado, com crise de labirintite.

Monday, June 16, 2008

Notice

Era como um astro, um corpo estelar, cheio de pontos reluzente, ora coloridos, ora translúcidos. Na frente de uma outra cena, de um outro caso, era um ponto entre tantos pontos já visto e re-visitados. Um sopro da antiga brisa. Era outono, ou outra estação qualquer do ano em que o ar parece mais leve. Essa sensação estelar de sentir, sentir tudo sobre todas as coisas, sobre o nada e o vazio, sentir pulsar cada milímetro do corpo como se fôssemos uma estrela cadente.

A ansiedade ficou como uma recordação que vemos no retrovisor – aos poucos, aquela imagem vai se afastando, ficando longe, pequena como uma lembrança vaga e rápida. Mas a paisagem não cessa, não pára e nem por nossa própria vontade. O partir, as malas prontas e aquele gosto pelo novo, pela estrela e pelo céu noturno coberto por tantas sensações díspares e pontiagudas. O novo que aproxima e torna-se ontem, como o hoje em que esperamos no banco, sentados, ver a estrela cair. O por vir daquela gota que escorre na janela, até atingir a borda.

Era como um astro, essa vontade de sempre ter malas e pés na porta. E olhar para o alto, mesmo quando é dia, sempre à procura daquele ponto, o ponto luminoso de uma estrela cadente.
Talvez seja assim, a sensação do novo, sempre o novo.

Monday, June 09, 2008

Odelay


Há tempos tinha me esquecido desse álbum. Deve ser ouvido sempre, com os tímpanos abertos para as misturas de sons, mixes e tendências que, hoje em dia, repercutem entre os tais hypes, nos clubs da Augusta e os novos com little taste.


Lançado no começo dos anos 60, esse primeiro cd do Beck foi um marco. Lançou a tendência do rock misturado ao folk e, claro, já lançando moda com as guitarras eletrônicas mixadas.


Imperdível para quem tem bom ouvido. Para quem acha cool as novas bandinhas folks, precisa conhecer essa raíz.


Beck - Odelay


I Wonder

A obra de arte. Aquele prazer de sentir-se atraído e ao mesmo tempo possuído pelo objeto. A obra de arte em si mantêm um estado entre o espectador e a obra em si. A obra de arte. Nunca poderá ser perene; ela deve ser atemporal e imortal.
Mas é preciso ser treinado. É preciso ter espírito e coragem para entregar-se a esse universo. É preciso ter uma espécie de virgindade. Livrar-se do pseudo-conhecimento, das bobagens da vida e das amarras pedantes que nos circunscrevem. A obra de arte, clama por essa virgindade. Mas é preciso ser treinado. Àqueles que não conseguem reconhecer, olhar através da tinta, da música e até mesmo das páginas de um livro não a merecem. A obra de arte.
É preciso ter leveza. Essa insustentável levaza que nos falta para conduzir a vida, traídos pela covardia do querer-mais, é o cordão que nos conduz a uma possível existência que cative para o espírito o sentido da arte. A leveza com que devemos ser, virgens, diante da obra. Aos histéricos, que restem apenas as inverdades e a malidicência. Aos virgens, fiquemos com as obras. Entre uma cena e outra, um corte com a música quase surda. A obra de arte é um elemento de vida. Antes de tudo, ela vem carregada de sentimento, de reação, de uma possível experimentação de momentos. Mas os histéricos disseram que a obra de arte é peça de museu. Peça de museu.
Sustentar as sensações, crédulos, precisamos de instantes entre o objeto e nós mesmos. O filme, a música, o quadro, a escultura. Um instante entre aquilo que nos reage e a liberdade para os olhos. Saber apreciar uma obra é poder, por alguns segundos, emudecer, ensurdecer e calar-se. Diante do palco, o histérico grita, pois anseia pela palma, pela ridículo, pelo patético. Não carece à obra as tolas palmas. Seu prêmio é a reação daqueles, virgens, que estão com ela naquele momento.
Essa insustentável leveza que não aprendemos a compartilhar. Essa levezade ser. Leveza de ver. Ouvir, sentir, saber. Virgens, devemos procurar outros sentidos. A liberdade do espírito.
A insustentável, leveza do ser.

Saturday, June 07, 2008

Drop

Uma ou duas horas. Talvez fosse ainda mais perto. Quando já estava tudo em preto e branco, outras cores, menos fortes, surgiram como tudo aquilo. Era água doce banhando apenas um pequeno fragmento da mão, dos ossos e da pele.Onde permanece o calor. Nas pontas do cabelo e na forma como a cama moveu-se de um lado para outro. Aquilo que atraí, reage e retrai. Assim, imã, entrelaçou-se meu corpo ao seu. Na bruta forma de não-querer-aquilo-que-se-quer. Aquelas marcas doloridas, espalhadas, deixadas marcadas nas costas, no braço, na fronte e no lábio inchado. Um pequeno despertar, fugidio da fresta da janela, aquele pequeno que percorreu o contorno do corpo, o que na verdade eram dois. Aquela sensação de respiro; transação do suor em queima de paixão reprimida. Esquentar os lençóis.
Eu, debaixo do seu corpo molhado.

Tuesday, June 03, 2008


A maquinária do amanhacer sem ter estado em sono profundo. As portas se abrem pesadamente como se tudo isso estivesse/está preso dentro de uma grande roda; um jogo mesmo. O jogo de dados, pessoas e sortes. A maquinaria de tudo aquilo que existe, no devir. As antigas manobras não funcionam. Deve-se tentar algo novo. Fazer as malas, com o pouco que se tem e levar, levar pelo caminho. Essas idéias pouco católicas são apenas armas forjadas no mais puro aço. Eu enlaço o calor e o troco por outras quinquilharias e folhas de livros envelhicidas.

Esqueci de outrora, jamais tentei pegar peixes com as mãos. A maquinaria sempre que me faz girar em constante maravilha, por sorrisos simpáticos e pela fome em devorar dedos. Mas é sempre no mesmo lugar que paro, descanso e recomeço como um animal sem vontade própria. E falar de natureza e sentimentos é como tapar a boca para uma possível asfixia. Mas é chegada a hora, sem delongas, sem pormenores. O devir de tudo aquilo que se plantou em anos de blá blá blá e mesquinharias.

A maquinaria do amanhã, essa que faz com que as inifitas possibilidades pareçam sempre tão perto, hoje deixou de lado os engenhos e parou a roda. Desembarco na mesma avenida, porém com outro nome.

Sem delongas.


Sunday, June 01, 2008

Yellow Submarine

Um plano perfeito. A corda bamba, estreita de citações, curtas durações de amores e memórias. Queria poder dizer ao mundo o quão fina é essa linha. Linha de balanço que traz nesse vaivém algo que me torna um pouco menos distante.

Seja pelo pavor de sentir tanto calor, seja pela fresta aberta na janela, tudo poderia ser um plano perfeito de lugares e experiências. A mão, segurando gentilmente o rosto, como se estivesse observando a paisagem sem toca-la. Na sabedoria da experiência, na vontade de querer devorar cada pedaço de tinta. Simples, pelo simples plano de deixar, como platéia, certos eventos acontecerem. Vaivém de sabores, como criança perdida.
Um plano perfeito.

Ontem sonhei que a corda havia arrebentado. Por terra, foram caindo as poucas moedas que haviam no bolso, um retrato em 3x4, uma receita de bolo e um pequeno soneto. Caíram como se nunca tivessem me pertencido. Aquela fome de paisagem. E pela corda, arrumava um jeito de manter um equilíbrio bestial. E já estava tudo morto.

No chão gelado, onde os dedos procuram abrigo na parte superior, resolvi terminar um texto dizendo: um plano perfeito. Antes que pudesse terminar, deixar cair a caneta e esperei alguém dizer “perfeito”. A frase inacabada nos lábios, pela ponta dos dedos. A sensação de que escrever era uma atitude desesperada de entender por que diabos a corda não arrebentava.
Ainda que apreciar tudo aquilo fosse um ato de coragem, mentir para si era trair a fome e todas as cores. Era um plano perfeito. Deixar a toalha cair e ver no palco, atores sem máscaras.

Em 18 de Junho de 1972, o jornal Washington Post noticiava na primeira página o assalto do dia anterior à sede do Comitê Nacional Democrata, no Complexo Watergate, na capital dos Estados Unidos. Durante a campanha eleitoral cinco pessoas foram detidas quando tentavam fotografar documentos e instalar aparelhos de escuta no escritório do Partido Democrata. Bob Woodward e Carl Bernstein, dois repórteres do Washington Post, começaram a investigar o então já chamado caso Watergate.

A descoberta dos jornalistas culminou na renúncia do presidente Richard Nixon.


Alguns anos depois o diretor Alan J. Pakula filmou o caso no filme Todos os Homens do Presidente, contando a investigação de Bob Woodward e Carl Bernstein. O filme detalhe suas investigações dando ênfase a um estilo de jornalismo, hoje, morto.