Fica combinado que abrir os olhos para a flor é essencialmente um trato nosso.
Não esqueci, essa manhã, de perceber que uma derrota, a menor delas, pode ser fortuita. Na lousa, as lições estão postas. Eu queria ter aprendido mais cedo. Se tivesse encontrado as formas, eu teria, sim, aprendido como aprendem aqueles que ensinam. Mas eu descobri, por fim, a misteriosa forma de se aprender aquilo que não se sabe.
- É verdade. Eu fui lá, mas eu não achei.
- Você sabe! Quantas e quantas maneiras de se pentear o cabelo eu te ensinei...
- Não obstante, eu encarei aquela estátua, imóvel e fria.
- Tenho certeza que não. Eu digo sempre que sim.
- Eu vi aquela estátua como anéis de um planeta distante. Disse algumas palavras e ela guardou em pedra!
- É, isso é assim mesmo, mas passa viu? Eu sei que passa.
E sim, erguer voo é sempre dificil. Um ou dois parabéns e a gente vai dançando rumo ao asfalto quente. E hoje começa o inverno.
Hoje começa o inverno. Uma nova temporada. Um tempo em que Eu não sou mais aquilo, mas o outrem; outrar-se. É, pode ser o frio que esquentará tudo aquilo. Geleiras derretendo. Vamos lá!
Hoje começa o inverno.
Não, sem folhas caindo ou calor de muitos graus. Hoje começa o inverno. Um novo tempo que se renova nas cabeças encolhidas dentro da blusa. Luvas de lã e calçados quentes. Cabeças cobertas, sem cabelo. Hoje começa o inverno. Tempo de aquecer os pés, uns nos outros.
Hoje começa o inverno. Sair de casa só para o necessário e aquela xícara na mão fumegando e formando gotículas de suor na ponta do nariz. Hoje começa o inverno dos chocolates e dos filmes da seção de drama.
Vamos lá! O inverno com aquela luz seca, sem borboletas, sem folhas verdíssimas e sem aquele sol estranho. Hoje começa o inverno das flores. Uma temporada.
Para Fabi
1 comment:
arranca de mim o melhor, sempre.
eu te amo.
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