Monday, February 05, 2007

The End

E quando tudo atinge o paradoxo, a ironia da existência ou até mesmo o sabor amargo de amar, o salto é alto e profundo. Todas as palavras, os discursos e as altas vozes sofrem de conseqüências irrevogáveis. As mentiras assumem a realidade. As lágrimas são substituídas pela vontade de sorrir. O amor é encoberto pelo manto do ressentimento. Quando tudo é invariável e irreversível, o mesmo lugar, aquele de onde se começou encontra-se no final de cada sentença gasta, de cada saliva engolida e cada rangida de dentes. Sabe-se lá se a vida guarda surpresas e se elas serão boas ou ruins. Sabe-se lá se o coração é mais forte que a razão. E um choro já não basta para dizer adeus.
Um sorriso sempre esperto que se esboça pelo ato de vingança, porque no tudo condiz para que o amor seja apenas um sentimento passageiro. E tanto se leu sobre o amor que no final das contas ele já não é mais o salvador das angústia, mas a angústia em si. Quando se atinge aquele lugar que nunca se pensa em chegar é quando tudo acontece. O ponto final que é sempre uma reticência entre tantas outras postas em cada discurso. Os talvez, quem sabe, um dia, viram apenas esperanças falsas da palavra. E quando tudo pode ser renovado, revoga-se a atitude em troca de uma simplificação. A história que se construiu virou apenas uma página virada em um livro posto na estante. E sim, o amor é substituído pelos sentimentos avessos. A vida sim pede pelo levantamento; erguer-se diante de si próprio e não morrer de fome. Será que algum dia haverá o ressentimento? O arrependimento? Ninguém mais morre de amor. E quando a história morre, a lembrança adormece, restam apenas as fotografias queimadas e os poemas rasgados pela fé de não sofrer mais. E tudo segue no exato momento que se deve seguir. Frente à história sobram as migalhas de se ter vivido corpo a corpo. Aquele caminho trilhado é apagado. Tudo se renova. Volta à estaca zero. Um a um. Cada pedaço das recordações vão ficando para trás na velocidade de se viver. Cada olhar vale um instante daqueles momentos passados. E o passado se desfaz na alegria do presente. E quando tudo se volta contra um sentimento, resta o céu e o inferno de cada um. As músicas no rádio representam um tempo outro daquele vivido pela canção. Não existem mais mágoas nem lágrimas. O beijo na boca torna-se o aperto de mão. Os corpos que ardiam se distanciam pelo desprezo. A aversão de se lembrar; a ira de não se ter mais o sonho dourado. E quando tudo vira apenas uma canção de amor, basta apenas uma melodia daqueles que se ouvem.E quando tudo atinge o vazio, é o estado do espírito que segue e não olha para trás. Só a paisagem que restou dentro de cada um.
Jamais...

1 comment:

Anonymous said...

Suas palavras também me transbordam... não é só o menino malvado que faz isso!!! Beijos