para tudo, um segundo apenas. As paixões do passado e os pequenos resquícios de uma vida passada. Nem por um minuto, para e pensar no que a reconciliação poderia ser. Pensar sim nos amores passados e naquela felicidade de momentos que por vezes pareciam duradouros. Pensar em como nos transformamos em afastamentos cada vez maiores, largando pelo caminho pedaços daquilo que fomos. Nessa possibilidade, aquilo que somos, que sou e o se desfigurou dali em diante. As marcas apaixonadas, as fomes de olhar e toda aquela parafernalha sentimental que nem ao menos esquecemos de colocar um ponto final. ´
Nada pode marcar mais do que o simples dizer "eu te amo". Correto, Freud nos deu a dica. Os impulsos de desejo. Sim, somos movidos por esse desejo, desejo de coisa, do saber, do sexo e da completude. Essa marca quase ardente, presa à pele, à memória ao sangue do viver, essa marca "eu te amo" não é um simples formar de convívio. Isso que nos torna, talvez, maiores por alguns instantes, também pode ser a cova do espírito, já que é nessa expressão, a mais próxima que encontramos para um estado de magia, que tudo se prende. É como se, ouvindo, estivéssemos enfim descoberto a chave do mundo. Sentir-se amado fora do berço.
E a presa, como animal mesmo, jamais escapa do predador. A presa da rede do "quero mais". Estamos sempre na busca desse cálice nada sagrado. A busca por um "eu te amo'. Talvez seja a busca eterna pelo estado de magia. Sim, pode ser ainda mais por suprir a solidão, a imensa solidão que se instaurou no espírito do homem moderno. Cindidos, fragmentados e desconfigurados, nós, os homens modernos, na busca pelo felicidade e pelo estado pleno de magia, não cansamos de querer mais e mais, daquilo que nos foi o mais próximo da completude. Ali, naqueles instantes, naquelas horas, não estávamos mais sozinhos. O mundo enfim, havia sido descoberto e ali era o momento, talvez, a felicidade. Porque isso também é busca eterna. A busca por entender. E como foi bom, naaquelas horas, ser amado. Por algumas horas, todas somadas, tudo isso que forjou a magia, tudo o que se arquitetou naqueles exatos momentos. Horas e mais horas empilhadas no coração, formando carências, pequeninas alegrias. Sim, a fraqueza em sua real materialidade. Bastar apenas no outro. E nessas horas, se tirarmos um minuto da pilha, tudo desmorona? Por onde andou tamanha desordem? Ordem no caos? Por um segundo apenas, reescrever, pintar, traçar pequenos padrões para o mundo. Ah, mas que alegria poderia ser tudo isso. A constante emoção dos covardes e agora se pode aposentar o espelho, já que o outro se cumpre no papel.
Por um segundo, somar tudo, os minutos e todo o resto nessas horas de vida, em que ser amado, bastou. Lá fora, algumas horas.
1 comment:
As vezes eu acho que a gente já saiu varias vezes sozinhos pra comprar flores...
e ai as vezes a gente desaprende, como se ganham essas flores
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