Gaston Bachelard foi um dos mais importantes filósofos do século 20. Sua obra revelou uma nova ordem para o pensamento filósofico, já que ela encontra-se em meio a revolução científica promovida pela Teoria da Relatividade de Eisntein. Assim, sua obra percorre o caminho do pensamento carregado pelo fervor das vozes da ciência moderna. No que diz respeito à epistemologia, é fundamental entendê-la como diurna, já que trata-se do caráter filosofico e rigoroso do pensamento. Como se diséssemos à luz da formulação.
E foi àlguns anos atrás que me deparei com A Poética do Espaço - La Poétique de l'espace. E naquele exato momento, na primeirá página, algo se tornou pulsão em mim. Tenha sido o pensamento lógico e linear de Bachelard, ou simplesmente o reconhecimento do espírito epistêmico, ali jazia uma parte de mim. De forma resumida, Bachelard assume a posição de filósofo moderno e se utiliza do espaço de uma casa como objeto de estudo. Ali, assumem os cômodos outras funções comparadas à nossa mente e ao nosso espírito. Portanto, para cada cômodo há um elemento epistêmico que o autor se utiliza para explicar as complexidades do pensamento moderno.
Ele foi um gênio. Não somente isso, Bachelard trouxe à filosofia uma ciência e uma nova ordem de pensar o mundo.
Um outro ponto importante para a compreensão do que chamamos "metodologia bachelardiana", é a sua noção de "obstáculos epistemológicos", tratado, sobretudo, na obra "A formação do espírito científico", de 1938. Bachelard propõe uma psicanálise do conhecimento, em que o seu progresso é analisado através de suas condições internas, psicológicas. Na sua avaliação histórica da ciência, o filósofo francês se vale do que chama de "via psicológica normal do pensamento científico", ou seja, uma análise que perfaz o caminho "da imagem para a forma geométrica e, depois, da forma geométrica para a forma abstrata". A própria concepção de espírito científico nos remete ao universo psicanalítico.
Nesse esteio, a minha leitura de Bachelard causou-me uma modificação. Poder enxergar concomitante aos tratados filósificos, um novo fazer da filosofia e mais do que isso, poder fragmentar uma unidade para em seguida assumir uma totalidade outra. Nada mais foi igual. As poéticas do fogo, e todos os tratados.
Naqueles instantes assumi uma outra postura. Pensar na vida e dar aos pequenos fragmentos do cotidiano um sentido outro. Percorrer rigorosamente os caminhos, dando voltas às peripécias e sentir cada presença do espírito na materialidade do sentidos. Essa ordem, esse pensamento, essa espécie de aurora ou do nascimento. Dar esse sentido; dos fragmentos e sentir a totalidade disso, que chamamos viver.
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