Naquilo que fica na estante, entre o que foi, o que é e o que sempre será. A vida, como caminhos, como escolhas de um deserto infindo de possibilidades de montagens, colagens, paisagens e tudo o que se quiser plantar. A colheita daquilo que somos. Entre todas as fotos que mesmo jogadas ao chão, recortadas e amassadas permancessem no coração, no sangue quente e nos olhos lacrimejantes.
As lembranças que permeiam o coração, sempre selvagem, daquiles que amaram, foram amados e serão sempre amáveis. Eis a recordação. Somos o que amamos. Talvez não. Talvez seja apenas o romance medieval que é-nos corpo, matéria viva da carne, cindida, perdida na busca do irreal, do que sabemos palpável que é o amor. A loucura de ter tido e não mais ter aquilo que tanto se buscou como tesouro perdido. E no fundo, quem nos restará para dizer que o amor, o antigo amor, será o supremo momento de se ter vivido?
Será sempre, como sentimento único, raro e doloroso, momentos de felicidades, de apreensão e sabemos, ao amar, que viver pode ser uma dupla. O sentimento que nasce e é irreconhecível, como mistério, alquímia do corpo, tudo o que fica entre o livro perdido, a foto rasgada, as lágrimas e os risos. Um dia se foi. Outro dia novamente será. Será, seremos, serão. Verbos de muitas declinações. À espera de se ter um outro na cama. Mas O Passada rege o que será o futuro. O passado será a lembrança para aquilo que se espera ser/ter/amar/viver.
Os filhos no jardim e loucura de se reencontrar um grande amor. O primeiro amor de muitos, será, futuro, amor de outros. E ficamos assim, no meio, na história com começo, mas sem fim. Como somos; a vida que separa, leva, traz, mata e acaricia o desejo e o despertar de muitos, muitos sonhos em vão.
Naquilo que fica na estante, há o sonho. O amor.
O passado.
1 comment:
Oi, amorzinho...
Passei por aqui...
Penso que o passado rege, nomeia e direciona o nosso futuro. E o melhor de tudo é que esse futuro será, logo mais, passado. E futuro, passado, tudo é tão transitório.
O futuro escorre das mãos. Nossas escolhas aumentam o peso do grilhão; eis o passado.
E as fotos? Estão guardadas. Há coisas que é melhor não se mexer.
Bjos,
Mari
Post a Comment