Escrever é um momento. Algo de secreto e ao mesmo tempo obsceno. Momento. Pode ser até mesmo uma manifestação de um estado de consciência. E, sim, é um momento.
Escrever é corromper a fala. Dar ao silêncio seu sentido primeiro; sentido pragmático-primitivo. A idéia, o pensamento e a representação do que se é, existe, em primeiro, nesse espaço, nesse silêncio. Na obscenidade do "ser". Quando, por exemplo, escrevo revelo segredos íntimos. Por muito tempo desisti de escrever sobre o tal jogo de cartas. Protelei, pois a verdade, feliz (porque sim a felicidade) era algo que não poderia jamais ser imortalizada. Porque as palavras têm disso: imortalizam idéias-pensamentos. Mas, a certeza de querer aquilo que disseram as cartas foi tanta, que já imortalizei, com um laço azul, talvez um pouco mais azul do que isso, deixei evidente o jogo - que era só meu. De segredos, vim escrevendo. De medos eu escrevi, futuros, decepções, vontades, orgulho, querer ter e não ter etc etc etc.
Por alguém (esse é o segredo) eu escrevi muitos textos. Dediquei som ao meu silêncio. Na dança das palavras existe um nome. Nesse desespero de pétalas existe um rosto. Na angústia do calor, o sol tem uma representação. Então, porque não querendo dizer, acabo escrevendo?
É o meu momento. Aqui digo tudo o que eu quero e não tenho coragem de dizer. Aqui, faço um pequeno espaço para dar esperança ao meu discurso. Espaço de príncipe. Porque escrever é um momento. É dar luz a uma idéia. É querer ser lido. Eu leio. Como lêem meus tão íntimos pensamentos. É só saber procurar. Estou aqui.
Esse é o meu momento e pode ser o seu também. Escrever é isso: só um momento.
1 comment:
Eu tenho vergonha de escrever depois de ler os seus textos.
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