Monday, September 24, 2007

Ballade No 3 as-dur opus 47

Precisamos lembrar quem somos. Certo. Ponto de impacto. Precisamos, sim, lembrar quem somos. Hoje, depois de dirigir sob um tempo incerto entre o sol quente e a chuva refrescante, ouvi Chopin. Herança de minha mãe que ouvia na sala com as luzes apagadas. Coleção de herança. E ouvindo lembrei-me do quanto gosto e sempre gostei, talvez por influência dela, de ouvir Chopin. E não é algo trivial. Ao contrário, é um prazer quase inexplicável. E quanto tempo passei sem perceber o quanto eu gosto de Chopin? Nos últimos anos, havia esquecido. Quase como me esquecer Dela.

E me veio o pensamento: por quanto tempo nos esquecemos, naquele escuro de nós mesmos na troca dos outros? Penso ainda mais naqueles que têm a vida como "própria". Donos de suas vidas. Eu, por exemplo, não sou dono da minha. Eu deixo-a de lado em favor dos outros. E por muito tempo nesse vaivém de não ser dono, mas empregado, esqueci de muita coisa. De quem eu sou, do que eu gosto e como eu gosto. Esqueci que Chopin é meu compositor favorito. Esqueci que gosto de ler nas manhãs de domingo. Esqueci que gosto muito de presunto frito e de sentar perto da janela; E muito ainda se perdeu nos descaminhos, nas trapaças que criei ao longo de anos, e ainda crio.

Sim, sou cria de uma maldade: esquecer de si próprio para lembrar sempre do outro. Mas, nada tão drástico. É só relembrar. Lembrar Dela sempre, o Chopin no ouvido - e a felicidade de ouví-lo me eleva - e lembrar de outras coisas, pequenas, mas importantes.

Precisamos lembrar quem somos. Ponto de equilíbrio. Força de vontade. Vontade de representar. Um mundo, uma tecla de piano, sentimentos escondidos. Ser quem somos. Máscaras de Nietzsche. Sim, sou fá de outros filósofos também, devo admitir. Sempre preferi, filosofia barata.

1 comment:

Cristiano Contreiras said...

Blog que concretiza mais um cotidiano de intimidades...interessante!

abraço, meu caro!

www.bonequinhodeluxo.com