No último post, inspirado por aquela imagem fascinante, tentei falar de amor. Agora vou tentar falar de paixão.
Estou lendo Foi Assim e me ocorreu a idéia de falar sobre paixão. É consumo. Consumo da alma. Me parece que a paixão é assim: algo que dá um frio nas juntas das mãos, soa as têmporas e vem aquele arrepio na nuca que desce para o estômago. Isso tudo pode acontecer pela imagem, pela voz, pelo cheiro, pela letra, por uma roupa usada, ou pelo contato corpo a corpo. E pode ser que essas sensações venham todas de uma única vez e que seja sentida por tudo isso. Estranha a paixão. Esse sentimento meio corrosivo, que nos provoca um comportamento de alto risco, mas que ao mesmo tempo faz esboçar no canto da boca o sorriso quieto e um olhar estranhamente malicioso.
Paixão é sexo. O auge do prazer. Tesão. A paixão provoca aquele estado em que um beijo provoca milhares de sensações ao mesmo tempo. É aquele primeiro beijo que deseja somente ele mesmo e aquele gosto; saliva com saliva; tudo ao mesmo tempo. E as pernas ficam trêmulas e os dentes, sem perceber, mordem o lábio inferior. Uma sensação de adrenalina ao sentir a saliva na boca, um do outro, descendo as mãos pelo corpo e aquela primeira gota de suor que escorre na nuca. Porque nenhum símbolo traduz melhor a paixão do que o fogo, mas pode ser também uma maçã, chocolate, dias frios embaixo da coberta, e uma noite quente ouvindo músicas como Glory Box.
Estar apaixonado é ouvir além do som, ver além da imagem, sentir além do desejo. Algo como incontrolável. Maliciosamente delicioso. E pode ser um dos estágios mais perigosos. Mas enfim, a paixão nunca poderá ser racional. Seu intento é ser passional, violenta, estridente como um grito de orgasmo.
Ufa...