Dizem que a limpeza é um fator essencial na vida. Começa com um simples banho. Limpamos o corpo com sabonete, esfregamos a pele, lavamos o cabelo, partes íntimas, orelhas, pés, mãos, rosto etc. Limpamos também a casa: sala, cozinha, banheiro. Lavamos a roupa à mão ou na máquina de lavar. Tentamos limpar tudo. Até a cidade é limpa. "Proibido jogar papel no chão" dizem as placas.
Estranha essa coisa da limpeza. É uma necessidade. Um hábito, um estilo de vida, um comportamento. A limpeza está por toda parte. Mas tem também aquela limpeza mais oculta, algo como a chuva que limpa involuntáriamente. Essa limpeza de chuva, essencialmente um resgate. Sim, um resgate. É a busca do Éden, do paraíso perdido. A limpeza é a mais uma tentativa de alcançarmos o inicio, voltar a um estado de pureza. A pureza do inconsciente buscando o útero paradisíaco. E nessa busca muito pode ser encontrado embaixo da sujeito que muitas vezes varremos para baixo do tapete. Podemos encontrar uma pessoa perdida, uma vontade esquecida, um brinco, um pedaço de unha roída e até mesmo podemos encontrar a nós mesmos perdido no mais profundo espaço entre o ser e o não ser (digo, o mundo real exterior e o mundo que nos fechamos). E quando menos se espera, estamos lá, em cima de uma cadeira, mexendo na parte de cima do guarda-roupa para limpar aquele pó acumulado há meses. Espanador, pano úmido e um pouco de cuidado. Em breve, tudo estará limpo. Por pouco tempo, até acumular mais pó e mais pó.
Um processo deveras peculiar. Tem vezes que a limpeza vem como a chuva mesmo. Sem querer, com o mínimo de alerta e rápida, forte levando embora uma sujeira que nem sabíamos existir.
Eu li hoje no jornal: Chuvas esparsas 18 a 23c.
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