Tuesday, April 29, 2008

Give me the sun

Pudesse eu não ter laços nem limites, dos sonhos que acalentam possíveis insônias, lá no fundo ouço aquele borbulhar de espumas. P'ra poder responder aos Teus convites, suspensos na surpresa dos instantes, um dia eu esqueço de abrir as cartas. Um dia esqueço de abrir os olhos e circular pelo mundo como sombra de penas.

Se posso ser, por que não serei pássaro assombrado pelos ares quentes? Um certo hipismo e logo tenho a vida em rédeas curtas. Eu ouço aquele borbulhar ou seria apenas o meu coração transbordando os momentos que me fizeram ir ao longe, tirando os pés do chão, levitando entre o inferno e o céu. Ali, mesmo, naquele lugar tão repleto de felicidade eu encontrei a chave.

Blackout do corpo. Foi a tentativa. Se fosse poeta de boas palavras eu diria:
Para ser grande, sê inteiro, põe quanto és no mínimo que fazes.

Mas eu perdi certos sonhos, certos olhares, certas vontades de ter seus beijos como boa-noite. Nada teu exagera ou exclui. E não se perdeu nenhuma coisa em mim. Como o mar que se afasta da areia, retorna sem pedir licença. Não sou de dar adeus, a ele nada me serve. Não sou de dar as costas e nem dar nós nos cabelos. E através de todas as presenças, caminho para a única unidade: o que poderei ser nos tempos curtos da minha vaga história.

Não tenho limites, laços, cores vibrantes. Para ti, sobrou o que um dia foi teu: memória do que fui. Vou trazendo as Sophias, os Tatos, as Virginias, Fabianas, Marias, Cristo, mães, amigas e tudo mais que soube conservar como o mar conserva o sol.
Um dia ainda vou engolir o sol; deixar queimar a vida dentro da vida e ainda sentir o frio da ansiedade. Vou engolir o sol, esquecer as bocas e os dedos apontados. Um dia o sol vai me lembrar que lá longe ele me esquenta. Ela não sabe, mas além do Taj Mahal eu vou na trip do sol, sem roupa no corpo, sem fumo e sem álcool.


O pesar é saber que os momentos foram sós de histeria. Se tanto me dói que as coisas passemÉ porque cada instante em mim foi vivo na busca de um bem definitivo em que as coisas de Amor se eternizassem. E foram elas perdidas por entre dedos, gritos, suores e vozes, muitas vozes de estranhos, porém familiares, ares de sentimento.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos, e vou de mãos dadas com os perigos. Sabendo que meus dentes cerram um tecido fino que é tua pele. Porque os outros calculam, mas eu não.

Não calculei que meu limite terminava exatamente no calor de tua pele.
Não sou de dar adeus. Vou-me partindo, vendo a paisagem diminuir, vendo teu rosto sem expressão e digo, sem que possas ouvir:

Monday, April 28, 2008

Eu vou ver o Taj Mahal

Tem vezes que as coisas se quebram. Ou somos nós que quebramos? Por si só, ou pelas nossas mãos, um dia as coisas quebram, como encanto mesmo. Se há encanto. E só assim saberemos o se o encanto foi produto onírico ou do real. Se sobrar é porque era real, se não era onírico mesmo.
Tem vezes que as coisas se quebram. É, um dia eu ia voltar. Posso dar oi, olás etc, vocês estiveram comigo sempre e para sempre ficarão.
Você sabe do que eu estou falando. Tem vezes que as coisas se quebram. Um dia eu vou para o Taj Mahal e quem sabe mando um postal: Por aqui está tudo bem. E um dia mesmo, e não demora muito, visitarei as Pirâmides. O Cristo eu já conheço, mas poderei revê-lo. Final do ano, torre Eiffel. Mas ainda assim, eu vou ver o Taj Mahal.
É, tem vezes que as coisas se quebram. Não, obrigado, não quero Superbonder.

Thursday, April 24, 2008

You send me...

Destinos cruzados ou palavras cruzadas? Palavras incertas talvez. A coisa de se sentir distante, de voar para outros ares, de espantar-se com o vento leve e suave. Estranheza dos passos lentos e toda aquela história de encaixotar as roupas, os sapatos, mantimentos e itens pessoais.

Destinos cruzados. While I was thinking you didn't have a clue, eu mesmo pisei fundo no acelerador. Rápido, veloz, eu fui em direção ao desfiladeiro. So now I feel so small discovering you knew How much more torture would you have put me through? E as palavras cruzadas que montei para não entender o verdadeiro jogo da sedução/redução. Estranho mesmo é essa coisa do voar, do ir e vir com pressa de quem quer adiantar os relógios.

And although my pride is not easy to disturb...

You sent me flying when you kicked me to the kerb!

Monday, April 21, 2008

Piece of me

Dizem que a limpeza é um fator essencial na vida. Começa com um simples banho. Limpamos o corpo com sabonete, esfregamos a pele, lavamos o cabelo, partes íntimas, orelhas, pés, mãos, rosto etc. Limpamos também a casa: sala, cozinha, banheiro. Lavamos a roupa à mão ou na máquina de lavar. Tentamos limpar tudo. Até a cidade é limpa. "Proibido jogar papel no chão" dizem as placas.
Estranha essa coisa da limpeza. É uma necessidade. Um hábito, um estilo de vida, um comportamento. A limpeza está por toda parte. Mas tem também aquela limpeza mais oculta, algo como a chuva que limpa involuntáriamente. Essa limpeza de chuva, essencialmente um resgate. Sim, um resgate. É a busca do Éden, do paraíso perdido. A limpeza é a mais uma tentativa de alcançarmos o inicio, voltar a um estado de pureza. A pureza do inconsciente buscando o útero paradisíaco. E nessa busca muito pode ser encontrado embaixo da sujeito que muitas vezes varremos para baixo do tapete. Podemos encontrar uma pessoa perdida, uma vontade esquecida, um brinco, um pedaço de unha roída e até mesmo podemos encontrar a nós mesmos perdido no mais profundo espaço entre o ser e o não ser (digo, o mundo real exterior e o mundo que nos fechamos). E quando menos se espera, estamos lá, em cima de uma cadeira, mexendo na parte de cima do guarda-roupa para limpar aquele pó acumulado há meses. Espanador, pano úmido e um pouco de cuidado. Em breve, tudo estará limpo. Por pouco tempo, até acumular mais pó e mais pó.
Um processo deveras peculiar. Tem vezes que a limpeza vem como a chuva mesmo. Sem querer, com o mínimo de alerta e rápida, forte levando embora uma sujeira que nem sabíamos existir.
Eu li hoje no jornal: Chuvas esparsas 18 a 23c.

Saturday, April 19, 2008

Out of the Sea

Eu sempre me deliciei com o mar. Com o dançar das ondas, a cor da areia, a luz que fica no fundo quando o oceano parece encostar no céu. Eu sempre me preocupei com profundezas, do mar em específico. São essas preocupações, transpostar na realidade, na verdade, no sentido de tudo. Nas profundezas do não-oculto inconsciente, na vontade de crescer o que não pode crescer.
Minha saudade do mar, do vaivém, a saudade de um retorno, uma passagem com o dedo de deuses gregos. Do céu à terra, voltamos para o oceano sem enxergar verdades. Tudo à vista. Saudade de balançar nos teus olhos.

Thursday, April 17, 2008

Smile at me

Eu ouço alguma coisa; alguma coisa que faça sentido enquanto meu coração vai se deixando levar pelo vazio de estar só. Eu dou a ele uma trilha sonora. De Sinatra à João Gilberto, eu faço uma trilha para a solidão do vazio. E eu tenho aquela velha mania de não deixá-lo só, o meu coração. Viajo pelas lembranças. Umas já atearam fogo, outras a distância separa as coisas...
É só uma trilha para lembrar o quanto foi bom te amar.

Tuesday, April 15, 2008

Room of Fire

Disseram que o fogo pode apagar um caminho, cortar a pele e até mesmo trazer o novo. Dizem que dentro de uma caixa podemos armazenar sonhos, esperanças, vontades e, por que não, um passado? Dizem mesmo que o fogo é renovador. Na antiguidade, dizem que as bruxas dançavam nuas em volta do fogo para que os deus ouvissem seus pedidos. Dizem que os hereges foram queimados vivos na fogueira. Dizem que uma úlcera pode causar a sensação de fogo no estômago. Dizem que a vontade de sexo é "fogo". Tudo, tudo enfim pode ser esse tal fogo.
Eu que não presto muita atenção coloquei fogo naquelas vontades que não passaram!
Bom, como cantaria a Gal: "fogo, fógo".

Tuesday, April 08, 2008

Long time before

O passado pode nunca perdoar. Ele pode desaparecer sem deixar vestígios. Podemos mudar, transformar e refazer erros, mas o passado, como diriam, não perdoa. Ele fica entre nós como fenda de um eterno e incansável caminhar, seja para a frente, lado ou trás. Ele não esconde mágoas, sentimentos, amores; não esconde de ninguém. E logo, com ele, vem a saudade.
Saudade do irmão que mora longe, do pai inexistente, da mãe que jaz na memória seletiva, da amiga que eu nunca tive, das roupas, presentes, risadas...
Por fim, me questiono o que o passado me fez ser. Ele me trouxe uma série, talvez fileiras de pensamentos perturbados. Ele, o passado, vem a galopes em momentos decisivos. Espero pela hora certa do passado, tornar-se presente. Você vem como uma voz. Me parte em dois, três ou quatro pedaços. Me perco onde eu deveria me achar, sem ao menos sair do lugar. Prego sermões intermináveis sobre como a vida deveria ter sido se não houvesse o se.
Se eu lembrasse de ligar para o meu irmão, esquecesse o pai desastroso, a mãe doente, os amigos que tenho, os presentes, as roupas, a parafernalha toda, será que assim o passado deixaria de ser uma veia saltada para tornar-se uma fotografia? Simples, inócua, pendurada na parede ou exposta na estante do quarto. Um vaivém sem fim.
Ele não perdoa, o passado. Me parte em pedaços como seu fosse oco, feito de vidro vagabundo. É, Silvya Plath bem disse as palavras "as vezes acho que não sou sólida; que sou oca por dentro".
E é nesse "oco" que os sons do passado se reviram, como um túmulo.