Friday, April 03, 2009

A insustentável leveza

Para se conhecer de tudo, dos mais pequenos detalhes até o monumental sentido de tudo e todos. As lições e velhas histórias, desencontros, perdas, alegrias e tristezas somadas ao constante estado de desapego com tudo. Lá fora, sempre parece estar mais quente e todas as manhãs o sol insiste em tentar ultrapassar as pequenas aberturas da janela.

Ainda que nada se possa fazer, deve-se como uma espécie de trabalho artesão, esquecer de tudo, caminhar por um momento e adiante, abrir um pequeno carderno de páginas brancas e ali, reescrever tudo novamente. Pode ser um start de coisas. Pode ser também uma simples maneira de construir novas versões. O partir não parece, e nem pode parecer, distante como se imagina. É preciso um plano, um sentido e uma infelicidade para que se possa ir adiante. O espírito, tal como conhecemos, disfarçado por tanto tempo, atendendo necessidades frívolas do dia-a-dia, se volta contra as máscaras. Ali, no mesmo canto da sala, ainda há um pequeno rabisco de vontades. O anseio e os desejos insatisfeitos. Porque para ir, é preciso sentir-se infeliz.

Mas também um certo tom de desajuste é necessário para que se possa imaginar outras possibilidades de viver. Eu penso, e recoloco tudo na mesma medida. E as decisões se somam, e distraído planejo outros caminhos. Que seja a perda de uma profissão e mesmo a distância de tudo que se conheceu. E um dia ainda se poderá rir de situações desesperadoras. Hoje, o melhor é trancar tudo em uma mala e ir. Que seja amanhã ou depois de tudo.

O primeiro passo é partir.

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