Wednesday, December 17, 2008

Público

Ninguém mencionou mais o mesmo assunto. No final do ano, sempre as mesma posturas. Rememorar o passado e trazer ao presente diferentes maneiras de se apresentar ao novo ano. Oferendas, restos de velas, cadernos, incensos, fogueiras, anéis, fotografias, lembretes e cartões. As rosas estranhas e aqueles vasos antigos. O mesmo livro de cabeceira. Perdas, ganhos, fatos e eventos que mudaram, foram mudando até o ponto cedo dos olhos. Ninguém muda por acaso. As retrospectivas que nos lembram cada fato. Entregar rosas, prender o cabelo ou mesmo um novo corte. Em dois ou três anos em que tudo passou num piscar de olhos. As novas maneiras de se entender o mundo, de dançar ou até mesmo de ouvir uma música.
O ano que começa com aquela sensação de começar novamente. Não começa. Não termina. Os calendários mudam as datas, os dias e assim vamos reprogramando o cotidiano ordinário em cada vírgula. Perder namorado, mãe, carro, dinheiro, emprego, livros, discos e ganhar tudo de novo, namorado, apartamento, dinheiro, emprego, livros e discos. Ganhar uma porção de noites mal dormidas, bem vividas, noites de insônia, doenças, cáries nos dentes, gripes, unhas roídas, tênis rasgados e perder tudo de novo. Seja aos poucos ou de uma vez só. Ganhar presentes, sorrisos, perder um dente, uma vontade, viajar, deixar para trás, trepar, beijar, suar e dormir. Dentro da jaula, ninguém vê o tempo passar. Ontem e hoje. Resumindo os meses, os anos e um pedacinho da vida.
Ir atrás, sempre atrás de um novo começo. Aquele assunto, de certo, ficou para trás. Seja calendário ou uma data apenas; fogos de artifício ou oferendas, eu mesmo, nunca mais toquei naquele assunto.

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