Eu não espero. Não tem mais aquele valor fatídico e virtuoso de conseguir caminhar lentamente. Eu não espero. O seu telefone, súbito, melancólico e cheio de segundas intenções. E trocamos tudo pelas mensagens de sms do celular. Eu não espero. E quando naquela tela pequena nos encontramos, eu pareço ainda pular, como uma criança. Eu não espero, mas meu coração saltita, dá pulos e volta para a realidade sofrida na qual criamos um espaço único e raro, repleto de linha pintadas de amarelo que não podemos cruzar jamais. Essa saudade surda que nos faz largar o mundo e correr para a linha do telefone e para as nossas vozes já silenciadas por tantas mudanças. Eu não espero. Sento e ouço repetidas vezes o mesmo alô e o mesmo beijo, tchau. E ainda depois de tanto tempo revivido, ainda pensamos que ao final um dos dois dirá eu te amo e o outro responderá ansioso e morto de vontade, eu também. No começo de cada dia, vem aquele pensamento inquientate e pungente de hoje será o dia. E esse dia nunca vem. Eu não espero. Flores na campanhia, cartas seladas com perfume Yves Saint Laurent. A medida que tudo passa, as nuvens se aglomeram e o calor cessa, fica aquela interrogação.
Eu não espero. Pelo o quê ou por onde, eu sento e descanso os ombros em cima do corpo. Quem sabe o que esperam os dois, cada um de um lado da linha. Eu não espero você, mas os sonhos me traem e você quieto, desliga o telefone.
Eu não espero, mas eu sempre ouço a sua voz e você a minha.
2 comments:
Lindo!
Foda hein!
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