Wednesday, November 12, 2008

Walking down the street

Adoramos um sonho impossível. Adoramos aquela sensação de que possa existir algo que desconhecemos, esperando na esquina. Todas as idéias deliciosamente perversas. É disso que somos feitos. Até a mais cínica das mulheres sonha encontrar um homem que a faça feliz e até o mais desencatado homem anseia pela mulher que o transformará. Estamos numa busca constante pelo impossível. Ela sempre nos dá a sensação de que, mesmo sem, estamos à espera daquilo que nos preencherá. Lendas urbanas. Aqueles sonhos repletos de travesseiros, músicas românticas, noites e mais noites de conversas em bares e amigas e amigos consoladores. Se chove, é motivo para projetar possíveis situações de encontros, unidos pelo inesperado. Ninguém procura um esforço, mesmo que pequeno para acordar do sonho, ir em busca daquilo que se quer e pronto: ser feliz. Adoramos um sonho impossível. É claro, eles são deliciosos e preenchem milhões de momentos carentes e solitários. Dão sentido às noites de sexta-feira ou um sábado em que tudo o que se espera é um telefonema e até os domingos familiares. Esses sonhos tão cheios de irrealidades, mas borbulhantes de romances cinematográficos. Esperamos sempre um sonho na esquina, no cinema, no bar, na rua, no ônibus ou esperando na fila para pagar um livro. Adoramos um sonho impossível.
E não há como escapar da inevitável questão: por que esses sonhos impossíveis estão sempre, em sua maioria, ligados ao amor?
Talvez, seja porque o amor, o tão idealizado amor, o mais lindo, puro e honesto sentimento seja a única forma que encontramos de alcançar um possível e idílico paraíso. O amor será o salvador. Eu emagreço quando ele aparecer. Se eu encontrar uma menina assim, desse jeito, eu caso. Eu quero um menino de cabelo bagunçado, meio avoado que seja parecido comigo. Seja como for, estamos em busca desse preenchimento do vazio que nos foi dado no nascimento. Essa sensação que carregamos de profunda solidão do quem sou eu e para onde vou, certamente, seria suprida se encontrassêmos alguém com quem compartilhar, dividir e, por fim, encerrar a pífia sensação.
Posso estar enganado. Pode ser simplesmente porque queremos nos sentir desejados. Pura e simplesmente. Verdade não há.
Ainda, pode ser bem mais simplificado: queremos isso, tudo isso, os amores impossíveis, o homem rico que se apaixona pela garota de programa, ou seja como for, pelo simples fato de que aquele amor idealizado seja a sensação mais gostosa que podemos, um dia, experimentar. É como estar, 24h por dia, num pleno orgasmo. Simples: é muito, muito gostoso amar e ser amado. E quanto mais difícil, melhor e mais valioso será, afinal somos seres dito humanos.
Ou, pode não ser nada disso, mas é por isso que eu adoro poder sonhar, seja com isso ou com qualquer outra coisa.
Mais ainda: é por isso que eu adoro Pretty Woman.

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