Wednesday, February 24, 2010

Hoje de manhã.

Tudo amanhecendo. Os carros descendo a rua. As luzes das janelas acendendo uma a uma. O Cheiro de café, barulhos de copos e pratos, choros, água escorrendo, pássaros ligeiros e um leve cheiro de vapor de água.
Da exaustão, da tentativa desesperada em se esquecer e ao lado mais escuro. Os dias correram naquela velocidade estranha de quem espera sentado. O tempo que se desfez em pequenos fragmentos de risadas, de olhares e formas de amor. Sim, o tempo requebrado, recortado em milhões de segundos. Assim, como nas letras de música, como nas vezes em que deitamos na cama e ali resgatamos promessas e deixamos uma fé para o futuro. Foi esse o tempo que você quebrou. Marteladas e estilhaços.
E tudo isso, na minha inconstância, na falta de vontade ou atitude. Tudo o que era para ser meu. Agora, tudo vai amanhecendo. A falta de coragem em continuar doando minha vida. Ao nada, ao desespero à calmaria de todas as manhãs.
Dormi por horas de ontem para hoje. Os olhos pesados, o corpo exausto de tudo, de pensar, de deter e de recolher pedaços da realidade. E agora, tudo vai amanhecendo aos poucos. Lembranças de ontem e saudades do amanhã.

Thursday, February 18, 2010

É como se...

tudo fosse uma brincadeira.
É como se toda hora tivesse menos de sessenta minutos. Como se os números somados, não dessem o mesmo resultado exato. É como se cada página do livro estivesse vazia. O plural sem "s". É como se cada batida do coração fosse vazia, sem som, sem trabalho. É como se o corpo desistisse da luta, a luta desistisse da espada e a espada da vitória. Toda inspiração em um único sonho matutino. É como se o sentido da irônia fosse a verdade e a verdade fosse mentira. Como se o dia, não tivesse luz e a noite ensolarada. É como se as letras formassem números. É como se a chuva fosse seca como o solo, e o solo um oceano de água salgada. É como se rezar fosse abrir os olhos. Como se deus fosse uma pessoa e o mistério estivesse revelado. É como se o tiro não disparasse e a bala fosse feita de açucar e o cristal duro como uma rocha. É como se o sentido das coisas não existisse e no lugar somente o que as coisa são. É como se cada música não tivesse som e som fosse apenas o silêncio. Como se o caráter não fosse essência e apenas um ato de coragem e a coragem pudesse ser ensinada. É como se o amor se tornasse racional e a razão virasse paixão. É como se amar fosse tudo isso, ao avesso, contrário a vontade. É como se o desejo não tivesse tesão e o tesão existisse somente no sonho. Todos os sonhos. É como se o ato de amar deixasse de existir e o carinho virasse ódio e o ódio fosse apenas um instinto de defesa. É como se Édipo voltasse a enxergar e Medéia fosse absolvida. É como se tudo fosse brincadeira. Sem sentido, sem receio, sem verdade. É como se todas as máscaras disessem a verdade. É como se amar, amar, amar e amar fosse uma escolha. É como se...