Eu trago heranças comigo. Trago formas distintas de traumas, paganismos e aversões. O que me foi dado, aquilo que se transformou e que fez de tudo uma grande dilema moral, agora é a base para essa construção mal progetada. As pinturas na parede, as cartas seladas, a gaveta cheia de poeira e vontades.
Eu trago um pouco de tudo. Dos estudos de filosofia, a psiquiatria auto-didata, as críticas literárias, estudos Woolfianos e lingüísticos. Falo e penso em Shopenhauer, Nietzsche e Deleuze. Acendo cigarros com os dias contados e ainda penso em como será quando eu estiver de cabelos brancos. As perspectivas do mundo, parecem, sempre um mundo distante. Vou devagar. Lendo mensagens no metrô, procurando espaços em locais fechados, abrindo o guarda-chuva e esperando o dia passar. Essa pouca esperança de encontrar ao fim de cada caminhada outros pés que não sejam os meus. Da perfeição já me bastam os Magrittes e as fotografias de Eggleston. Aqui ao lado não espero mais do que um singelo e elegante sorriso. As formas invariáveis e o mesmo jeito de entender tudo e todos os mesmo tempo.
Eu trago essa herança. Tudo acontece como se estivéssemos presos por um fino fio de seda. Por vezes colorido, ele parece nunca romper. Ali e aqui, vou procurando espaços na estante e empilhando livros.
Mas a herança mesmo, chega nos lugares mais inusitados. Um certo padrão de sorrir.
Tuesday, February 03, 2009
Testemunha
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
2 comments:
tem um selinho para vc no meu blog!
ler isso e ouvir Michelle...
eu senti agora o gosto do chopp atheniense e do Marlboro cerrado sempre de 1...
Eu senti a construção, no dia que vc se mostrou o Bufalo que é
Post a Comment