Thursday, April 22, 2010

Tudo.

Tudo parece estranho. As mudanças inacabadas dos dias intermináveis. Aquela vontade de entender mais sobre políticas modernas e filosofia sofista. Tudo parece estranho quando se têm um tempo a frente. Tarefas e agendas empilhadas, livros e cartas devolvidos aos remetente. A saudade parece ser sempre um tempo paralelo. Lá vivem todos ainda presos nos momentos - pequenas bolhas de histórias. Mas eu não estarei sempre aqui. Escrevo da saudade, como se já tivesse partido, simples assim em primeira pessoa. Lembro de histórias que não vivemos ou de brincadeiras que não tivemos. O peso daquilo que fomos um dia e o peso daquilo que somos. Num futuro, talvez sejamos plumas, deterioradas pela vida e pelo distanciamento. No futuro, sejamos honestos e altruístas. Agora, tudo me parece estranho. Sem linha reta, sem verdade, somente aquele pneu furado e tudo parado no acostamento.

Tudo me parece estranho. Antigos pesadelos. Novos sonhos, carinho e tudo o que restou no canto do olho. Sejamos honestos: aqui ninguém mais está interessado no futuro. Um dia, talvez, eu não esteja mais aqui para contar histórias ou segurar o peso. Um dia é possível que existam outras formas de amor. Por enquanto só o peso do disfarce. Das nossas mentiras.

Monday, April 05, 2010

É preciso um sentido. É precido dar um sentido.
O contrário de tudo e o movimento das nossas manias. Mania de ser, mania de fazer, mania de prestar atenção as coisas que não existem. Do mesmo despertar, também é preciso que haja um sentido. Não basta mais abrir os olhos e ver que outro dia recomeçou. Mais além, nada disso faz sentido. O esgotamento das possibilidades, a fome por algo maior. Talvez seja disso mesmo que as coisas sejam feitas: uma espécie de sentido, de reviravolta, a novidade propriamente dita. E é preciso um sentido. Cortar as manias viciantes, daquelas conversas pelo telefone, das vozes ocultas em diálogos pouco objetivos. Um esconderijo perverso. Todos os jogos para satisfazer o prazer de viver consigo mesmo. Para isso, é preciso que haja um sentido.

Mas, ainda que não haja, as representações devem ser fora o mundo externo. Muita filosofia e pouca atitude. A realidade por si só não basta, é fato. É preciso que haja sempre um pouco de sonho, um pouco de imaginação para que o desespero fique sempre no canto do dia. É preciso que haja sentido nisso tudo. O mundo enquanto vontade de representação e desse mundo o que esperamos do dia-a-dia.

Aqui, o mundo sem razão alguma de existir. Tudo numa distância extrema. Por isso, dar o sentido, por isso pedir uma existência suprema. O vazio de não mais sentir nada, não experimentar a vida como ela deve ser experimentada. Pouca ilusão e muita dose de realidade.

Aqui, é preciso dar um sentido. Sabe-se lá como.