Wednesday, September 23, 2009

You live, you learn

Eu tive braços. Eu tive mãos. Tive pernas e pés. Tive os olhos, a boca, o nariz e o ouvido. Tive a ponta dos dedos. Tinhas unhas e digitais. Tive as costas. Tive o cérebro. Mantive meu coração. Silenciei minha voz. Troquei meu peito e experimentei o estômago. Senti pelos fios de cabelo, pelas narinas, pelos poros abertos. Eu tive as dores. Tive os sonhos em bolhas de sabão. Tive o prazer e o desamor.
Eu tive os braços feitos para segurar o seu corpo. Tive as mãos nos seus cabelos. Tive as pernas e os pés encostados no seu caminhar. Tive os olhos dentro do seu mundo, a boca beijando a sua, o nariz no seu cheiro e o ouvido para sua voz. Tive a ponta dos dedos presas em suas mãos. As unhas arranhando suas costas e as digitais provando que eu era seu. Tive as costas para carregar o mundo, o nosso mundo. Mantive meu coração para contar as horas em que não estive ao seu lado. Experimentei as dores do estômago.
Eu tive os braços para voar sempre que preciso dentro e fora de você. Eu mantive meu coração, ardendo, calado. Eu mantive tudo.
Inclusive, você, em tudo que sou.

Monday, September 21, 2009

Setembro.

Nunca setembro demorou tanto para passar. Vagaroso, eu diria. Os dias tão instáveis, presos e seguros por um único fio, fino e delicado. E tudo isso pela sinceridade de deixar de lado os motivos para sorrir, deixar de lado os olhares, o corpo, as formas de diversão. Tudo colocado na espera. Nunca tudo isso demorou tanto para passar. Esse ceticismo em não acreditar em nada e o o orgulho que deixou de ser passageiro. Os longos chuviscos do inverno nada frio, sem mãos no bolso, somente o recolhimento necessário. Nunca em setembro tudo ficou tão sem sentido, como agora. Os passos largos, a pressa de acordar e a ansiedade em dormir.
Como se mede um caminho quando não conseguimos ver o fim? As pessoas ao redor, os carros passando apressados, os faróis verdes, vermelhos, pontos, pessoas, casacos, calçadas e fachadas. E mesmo as coincidências parecem ter se perdido nas entrelinhas de tantos pensamentos entorpecidos. Vozes e cores, música para deitar.
Depois disso, acho que nunca nada será igual.
Ainda assim, setembro nunca demorou tanto para passar.