Hoje eu acordei achando que o mundo estivesse parado:
carros enfileirados, quentes e impacientes. o céu limpo sem nuvens e sem cor de chuva. alguns estilhaços no chão, o celular sem sinal e a vida meio parada. aos poucos o que era feito, foi intensificado pelo sol que batia forte, como se as sombras não mais existissem para dar lugar à realidade pouco mágica.
Hoje eu acordei achando que o mundo ia explodir:
os corpos empilhados. o calor queimando a carne exposta que em minutos havia se tornado alimento de inseto. os carros virados e a fumaça ultrapassando o limite do céu e da visão, formando grandes nuvens de desespero. Hoje, por hoje, a vida parecia ter parado. Meu coração, havia parado na mesma esquina por onde passei tantas vezes sem te ver.
Hoje eu acordei achando que o mundo havia se transformado:
parecia sonho quando eu beijava você na rua. quando por segundos eu encontrei no seu corpo, o meu corpo. no calor que não nos atingia, aquilo parecia o real. o real que não se manifesta fora do corpo, fora da nossa saliva, fora dos olhos perplexos por tudo o que se sente, por dentro e por fora. Eu, que esperei o sonho, virei realidade do lúdico. Eu e você, por instantes, ali, naquela esquina.
Hoje eu acordei achando que o sonho não era sonho:
tive apenas um sonho. do caos à vida. apenas um sonho.
2 comments:
hoje eu acordei encontrando um corpo no meu corpo. e dormi, encontrando o mesmo corpo no meu; e assim dormi, e acordei, e nasci e morri repetidas vezes, e ainda assim éramos o mesmo corpo submetidos um ao outro, a mesma vida e o mesmo tudo debruçados entre si.
Acordaste?
Bom dia.
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