Monday, January 26, 2009

For the latest

Não se pode tudo. Curvar-se às entrelinhas tão dificilmente descritas no destino. Os antigos textos acompanhados de maledicências e críticas. Não se pode tudo. Dia-a-dia, os pormenores parecem juntar-se numa onda gigante de idéias alheias. O quanto é difícil erguer, do tijolo, uma grande torre. Talvez seja tudo terrivelmente inesperado. As surpresas de bolo, de laço e cor-de-rosa. E quando se pode pensar em tamanho, quantidade e tudo aquilo que é preciso para fazer da vida uma vontade a mais.Sem poder, sem poder mais do que aquilo que se espera, vou divagando, soltando palavras em faíscas, como se tudo fosse apenas uma lasca do meu corpo. E faço disso tudo, uma for física. Os dias deprimidos, sem que haja um motivo, mas pelo simples fato de eu poder fechar-me dentro daquele antigo quarto.
Não se pode tudo. Na força, na força que damos ao braços, restam às pernas poder carregar o peso.

Friday, January 16, 2009

Abra los ojos

Há muito tempo venho dizendo meu sonhos por ai. As palavras soltas, repletas daquela perenidade das idades iluminadas. Venho dizendo dos sonhos. Vozes elevadas e tudo o que se passou. É difícil se desprender do passado. É como os os dias quentes que vêm acompanhados das sombras nas ruas. E falar dos sonhos e projetar fora da cela. Dizer de tudo um pouco. Procurar verdades nos lugares mais inusitados. Das pessoas, permito enxergar o melhor, mas sempre acabo por ver o pior.
E saio ainda com passo saudadoso de tudo. Da minha mãe e de como eu não tive tempo de dizer o quanto eu amava ela. Dos rancores e das brigas com meu pai. Mas ainda pude consertar outros vasos quebrados. À minha família, digo ao meu irmão que ele é parte de mim; à minha sobrinha, deixo a barriga ser mordida pelos dentinhos frágeis, deixo ela passar gel e prender o pente no seu cabelo fino e até mesmo simulo mergulhos na praia só para vê-la sorrir. E ainda acho tempo para dar conselhos alheios, por pura diversão. E aos poucos o passado vai se esgotando. É um processo de cura, eu diria. As vontades de criança carente e o pirulito quebrado.
Eu penso nas diversas formas de se viver bem. Escolho as pessoas certas, os filmes, livros e programas de televisão. As vezes, tenho saudade. Saudade de poder dormir e não ter hora para acordar. Mas sempre que eu termino um trabalho, me sinto melhor do que se estivesse dormindo.
Eu falo muito de sonhos. Eu só queria mesmo agora, era poder não sonhar.
Queria só poder ser.

Tuesday, January 13, 2009

Não pela recorrência de fatos ou inverdades. Conselho num é coisa boa a se dar, qui ça receber. Toda a amargura, advinda dos lugares mais familiares, sem beijo na boca, ou carta selada. Quem disse que eu não tenho o direito ao recolhimento? Dos pesares sabe-se pouco. Não preciso de motivo verossímel para ser categórico ou pragmático. E convenhamos: pouco importa se eu sou de fácil acesso ou não.
Ninguém aprende sozinho. Ninguém sabe lá como os discursos possuem efeitos colaterais perigosos. E seria, deveras, fácil dizer que as intenções eram somente da boa vontade. Na forma como se cria a casca da cicatriz, só o machucado sabe como foi ferido. E as questões acumuladas, pressionadas, começam a escorrer para dentro das veias. É sangue em excesso pulsando o dissabor de um adeus. Quem disse que o inferno está cheio de boa vontade? Resta a dúvida. Resta o crescimento. Eu, tento parecer um pouco menos professoral. Devo dizer apenas que cuidar daquilo que me interessa é a prioridade. É, por que não, bíblico e tão experimental quanto temas atuais. O que pra mim nunca foi motivo de sabedoria, o relativismo foi e continua sendo a maior besteira do mundo, sem esquecer do fracasso do humanismo.
Sem delongas, não sobrou mais espaço. Não pela recorrência de fatos ou inverdades, mas porque as leis da física são maiores do que as minhas.
Se tiverem que existir dois corpos, no mesmo espaço, pelo menos um terá que sair.

Antes tarde do que nunca.
Que seja eu.

Wednesday, January 07, 2009

Sobre

A gente sempre imagina tudo do avesso. Contradições, experiências, vontades, ilusões, alegrias. Tudo ao contrário e nada de frente. Imaginamos como um dia poderá ser o futuro e até mesmo o presente. Os passados são desfeitos com orações e súplicas. E nada, nada, tem o mesmo efeito.
Imaginamos que o oceano possa ser infinito. Imaginamos como seria passar férias na Groelândia. Imaginamos que carne de baleia deve, no mínimo, ser gordurosa. Imaginamos como seriam os nossos filhos.Imaginamos se aqueles que se foram primeiro, chegaram enfim ao tal paraíso.Imaginamos que seria a sensação de matar alguém.Imaginamos como seria o primeiro beijo.Imaginamos como seria a vida em outra época.Imaginamos como seria ser loiro, ruivo, ter olhos verdes ou azuis. Imaginamos que a nossa vida é um filme. Imaginamos que os amigos próximos iriam nos respeitar.Imaginamos que os amigos seria fiéis e que teriam caráter.Imaginamos como seria acordar sem preocupações.
A gente sempre imagina tudo do avesso. Como se fosse mágia, truque para criança. Na realidade, tudo é diferente. Aquelas pessoas que você mais acha que conhece, no fundo, são aquelas que vão te empurrar pelo abismo. Mundo afora, há que se ter cuidado. Isso poderia ser conselho para um possível filho. Nunca se esqueça. Confie sempre naquele que não sorri muito.
Alguns dizem, o sorriso do diabo é dos mais sedutores.

Saturday, January 03, 2009

As festas.

Sono. Sono leve, sono pesado. Festas. Mesa, toalha, copo, pratos e talheres. Estouro de garrafa. Vela, reza, ceia. Mais um natal. Olhos azuis. Criança. Presente, faz-de-conta. Um, dois, três tiros. Estouro de latinha. Mais. Sempre mais. Música, dança. Amanhecer. Chuva forte, respingos, confinamentos e filmes. Irmão, cunhada, sobrinha. Amigas. Grandes amigas. Amor de família. Praia, mar, céu nublado. Encontro. Encontro armado. Mais olhos azuis. Pele clara. Conversa boba. Verdades. Mentiras. Beijo na boca. Beijo molhado. Beijo de suor e carinhoso. Forte. Beijo no peito, na barriga, no canto da boca. Sorvete na praia. Cinco da tarde. Passeio na areia molhada. Sol. Sol forte. Sol latente. Encontro na praia. Cerveja. Conversa íntima. Noites azuis. Noites brancas. Lua nova. Círculos vermelhos. Tudo vira poesia. Mais beijo na boca, cerveja, tiro, fome, beijo, cama, beijo, dedos no cabelo, cabeça deitada no peito. Mesa arrumada. Forno ligado, fome, sede, champanhe, cerveja. Vela. Mesa desarrumada. Roupa branca. Fogos. Muitos fogos. Felicidades e trocas de carinho. Real. Imaturo. Sem máscaras. Tolo e alegre. Beijo no canto. Beijo explícito. Palminhas de criança feliz. Palminhas. Sorrisinhos. Vontades. Ali. O encontro do mar com a areia. Nunca acaba. Começa, recomeça. Zero a zero.
Família. Amigos. Festas. Encontros. Ali. Inesquecível.